Título: CGU mostra queda nos gastos dos funcionários
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 10/04/2009, Política, p. 4

Com a extinção dos cheques para pagamento de despesas de servidores, desembolso da União diminuiu 26% nos três primeiros meses deste ano

Jorge Hage, da CGU: mesmo com o aumento dos gastos específicos com cartão corporativo, as despesas diminuíram este ano O fim dos pagamentos de despesas de pequeno porte com cheques aumentou em mais de 45% o uso dos cartões corporativos no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2008. O crescimento já era esperado pelo governo, que, no ano passado, editou decreto para diminuir gastos de maneira diversificada, centralizando compras por meio dos cartões, o que permitiria uma melhor fiscalização. A medida foi adotada depois da divulgação de despesas excessivas feitas por ministros, como as da então secretária da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro.

Segundo o levantamento feito pelo Controladoria-Geral da União (CGU), os gastos nos três primeiros meses deste ano diminuíram 26,8% em comparação ao mesmo período de 2008, quando foram consumidos R$ 20,8 milhões com cartões corporativos e contas tipo B, as que eram pagas com cheques. Em 2009, o volume de despesas atingiu até o mês passado R$ 15,2 milhões. Em relação ao mesmo período de 2007, a queda foi de 42,2%. O balanço da CGU aponta ainda a diminuição dos saques com cartões corporativos feitos na boca do caixa. Entre janeiro e março deste ano, foram realizadas transações que totalizaram R$ 1,5 milhão, pouco mais da metade que em 2008.

A CGU explicou que todos os gastos que vinham sendo feitos com outras formas de ordenamento de despesas foram suspensos, mantendo apenas o cartão. ¿Essa medida permitiu emprestarmos muito maior visibilidade aos gastos, não apenas para os órgãos de controle, mas também para a sociedade¿, afirmou o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage. ¿Hoje, as despesas, as datas e os nomes dos fornecedores são exibidos no Portal da Transparência, tal como cada um de nós tem na fatura mensal do cartão de crédito pessoal¿, acrescentou Hage.

Antes das restrições impostas aos saques, que só podem representar 30% das despesas realizadas por meio do cartão, este tipo de transação era uma das mais realizadas por servidores públicos. Em muitos casos, havia justificativa para isso, como os saques feitos por funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), durante a realização de um censo agropecuário pelo interior do país. Em outras ocasiões, como em universidades federais, a retirada do dinheiro servia para comprar alimentos ou materiais para organizações de festas internas.

Apesar da diminuição dos gastos com este tipo de despesas, em muitos casos as despesas ainda permanecem sob sigilo. É o caso do dinheiro gasto pela Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que não são reveladas publicamente. Em um levantamento feito no início do ano, o Correio mostrou que o volume de recursos movimentado secretamente pelos órgãos de segurança e informações em dezembro foi de R$ 3,8 milhões.