Título: PMDB quer encerrar recursos contra Sarney
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 17/08/2009, O País, p. 4

Nova denúncia envolve empreiteira e a família do senador em 2 apartamentos em São Paulo

BRASÍLIA Mesmo com a família Sarney sendo alvo de nova denúncia - uma empreiteira do setor elétrico teria financiado dois dos três apartamentos que o clã tem na capital paulista - o PMDB ainda pretende encerrar esta semana os 11 recursos da oposição pela reabertura das representações contra José Sarney (PMDB-AP). Peemedebistas querem usar o depoimento de amanhã da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) - onde o PT precisará do apoio dos partidos governistas para blindar Dilma Rousseff - para pressionar a bancada petista a ajudar Sarney.

- É importante analisar esses recursos e encerrá-los. O Conselho de Ética deve ser convocado para deliberar quarta ou quinta-feira - previu o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).

Mercadante insiste em reabrir um processo

O PMDB conta com o Palácio do Planalto para derrubar a resistência do líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), em substituir os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e Ideli Salvatti (PT-SC) para facilitar a derrubada dos recursos da oposição. Eles são candidatos em 2010 e avisaram que preferem não participar da votação. Mercadante trabalha pelo apoio da bancada à reabertura de pelo menos um processo contra Sarney.

Para a oposição, a denúncia de ontem do "Estado de S. Paulo" reforça a necessidade de o Conselho de Ética investigar o presidente do Senado. Segundo o jornal, a empreiteira Aracati - que atua no setor elétrico, área do governo em que Sarney tem influência, e cujo dono, Rogério Frota de Araújo, é amigo dos filhos do senador - teria comprado dois dos três apartamentos da família em São Paulo.

- É mais uma denúncia gravíssima contra Sarney. Mas se o governo e o PT se unirem para votar contra nossos recursos no Conselho de Ética, a última esperança será levar o assunto ao plenário - admitiu o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

A compra de dois imóveis teria sido intermediada por José Adriano Sarney, o mesmo neto de José Sarney que intermediava empréstimos consignados a servidores do Senado. Atualmente, o apartamento é ocupado por seu irmão Gabriel. Ambos são filhos do deputado Sarney Filho (PV-MA), que ontem divulgou nota alegando que a escritura do imóvel ainda não foi passada para seu nome porque ainda não quitou a compra com a empreiteira. Ele diz que as prestações já pagas do imóvel constam de sua declaração de Imposto de Renda.

Ontem, uma pesquisa Datafolha mostrou que 74% dos entrevistados querem José Sarney fora da presidência do Senado. Para 66%, ele está envolvido em irregularidades na Casa.