Título: Religiosos criticam intolerância
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 18/08/2009, O País, p. 8

Uma declaração do bispo Edir Macedo, divulgada domingo pela ¿TV Record¿, transformou-se no centro de um debate de representantes de diferentes religiões, ontem de manhã, no Ministério Público estadual no Rio. Reunido para uma audiência da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), o grupo reagiu com indignação e ironia ao fato de Macedo ter dito que se considera também vítima da intolerância.

A comissão tinha se reunido para pedir que o MP fiscalizasse as escolas públicas e privadas do estado que não cumprem a Lei 10.639, que instituiu o ensino de História da África e Cultura Afrobrasileira.

¿ Todo mundo começou a falar do bispo (Macedo) e do que ele tinha falado. Mas uma pessoa que pratica a intolerância, há anos, não pode se dizer vítima dela de uma hora para a outra ¿ disse o porta-voz da comissão, o babalaô Ivanir dos Santos.

Ivanir pôs a comissão à disposição de Macedo para defendê-lo, mas com uma condição:

¿ Para ser tratado como vítima, Edir Macedo pode procurar a comissão. Mas, primeiro, terá que pedir perdão aos religiosos de matriz africana, católicos, judeus e muçulmanos pelas três décadas de demonização e perseguição. Se fizer isso, o traremos ao Ministério Público para formalizar sua denúncia.

Representante da Igreja Presbiteriana, o reverendo Marcos Amaral disse lamentar ver religiosos se utilizando do Cristianismo para desenvolver projetos de poder:

¿ O Cristianismo prega a vida de pobreza. Cristo nos ensina isso o tempo todo. Sou pastor e, por isso, nasci pobre e vou morrer do mesmo jeito. É uma opção de vida.