Título: MP reage à Record e diz que não se intimidará
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 18/08/2009, O País, p. 8

Procurador diz que emissora tenta desqualificar processo contra Edir Macedo e que tem "irrestrita confiança" nos promotores

SÃO PAULO. Ao rebater insinuações feitas pela Rede Record de Televisão, o Ministério Público de São Paulo afirmou ontem que não se intimidará pela estratégia da emissora que, segundo o MP, tenta desqualificar a investigação que transformou em réus o fundador de Igreja Universal, bispo Edir Macedo, e mais nove pessoas. Todos foram acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Segundo a denúncia, Macedo e os demais réus usaram dinheiro arrecadado com os fiéis para abastecer empresas em nome do grupo e comprar bens, ¿lavando¿ os recursos via firmas de fachada e usando paraísos fiscais.

Procurador diz que emissora distorceu fatos O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, que assina a nota distribuída à imprensa, reforçou a ¿irrestrita confiança¿ no trabalho dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combat e a o C r i m e O r g a n i z a d o (Gaeco), que investigaram o caso, ao mesmo tempo em que criticou o que chamou de ¿distorções dos fatos¿.

¿O Ministério Público Estadual continuará exercendo seu papel constitucional, sempre respeitando o devido processo legal, e em hipótese alguma se deixará intimidar em razão de distorções dos fatos e insinuações perpetradas por quem quer que seja¿, diz a nota.

Vieira se reuniu ontem com os promotores Roberto Porto, Luiz Henrique Cardoso Dal Poz, Fernanda Narezi Pimentel Rosa e Everton Luiz Zanela, responsáveis pela investigação.

Na reunião, o procurador teria reforçado a confiança no trabalho do Gaeco.

No documento, Vieira esclarece ponto a ponto as acusações feitas pela Record. No programa ¿Repórter Record¿, veiculado domingo à noite, os promotores foram acusados de ter vazado para a Rede Globo um depoimento que tomaram do traficante Fernandinho Beira-Mar. Sobre esse episódio, o procurador lembrou que o caso já foi apurado pela própria Procuradoria, em 2004. ¿Como nenhuma ilegalidade foi constatada, foi proposto o arquivamento do procedimento, o que foi homologado pelo Tribunal de Justiça, após reexame da matéria pelo desembargador Denser de Sá¿.

Ainda no documento, a Procuradoria argumenta que toda a investigação sobre a Universal foi realizada com base em fatos e elementos de prova que constam do inquérito policial instaurado para apuração dos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

E ressalta que a denúncia foi aceita pelo juiz Gláucio Roberto Brittes, da 9aVara Criminal da Capital.

Durante o programa, reprisado parcialmente ontem, a Record também acusou os promotores do Gaeco de dirigir a distribuição do processo para a 9aVara Criminal, onde trabalhava a juíza Patrícia Alvarez Cruz, ex-namorada de Roberto Porto, um dos promotores do caso.

O MP rebateu: ¿A distribuição da denúncia foi feita de acordo com os trâmites legais, ou seja, por meio de p ro c e d i m e n t o e l e t r ô n i c o adotado pelo Tribunal de Justiça¿. E continua: ¿A juíza Patrícia Alvarez Cruz, citada na reportagem, nunca atuou no processo criminal em questão¿.

A Universal divulgou ontem nota, na qual afirma que pediu abertura de sindicância contra os promotores responsáveis pela denúncia.