Título: Economia do Chile recua quase 5%
Autor: D¿Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 19/08/2009, Economia, p. 21

Afetado pela crise global, PIB do país perde 4,5% no segundo trimestre

SANTIAGO. O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) do Chile recuou 4,5% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado, configurando sua primeira recessão em uma década. O resultado se deve à queda vertiginosa da demanda interna e do comércio internacional em meio à crise global.

O resultado, anunciado ontem pelo Banco Central (BC) do Chile, ficou dentro da previsão de analistas e foi precedido por uma queda de 2,3% no primeiro trimestre, segundo números revisados pelo BC, acumulando um recuo de 3,4% no primeiro semestre de 2009.

- O Chile continuou mergulhando numa recessão mais profunda no segundo trimestre. Certamente, a recessão mundial tem sido a principal responsável pela queda chilena - avaliou José Coutiño, diretor para América Latina da Moody"s Economy.com.

Taxas de juros estão no menor patamar histórico

A contração do PIB no segundo trimestre superou ainda as quedas observadas durante a recessão de 1999. O PIB ajustado sazonalmente se contraiu 0,4% em relação ao trimestre anterior, variação que reforça as expectativas do governo e do BC chileno de que o pior da crise no país já tenha passado.

Entre abril e junho de 2009, a demanda interna retrocedeu 10,6%, arrastada pela queda de 19% da formação bruta de capital fixo (investimentos em máquinas e infraestrutura).

"A demanda interna diminuiu 10,6%, devido principalmente à abrupta queda que experimentou o investimento. O consumo total recuou levemente, refletindo uma queda do consumo privado que foi em parte compensada pela expansão do consumo do governo", disse o BC chileno em comunicado.

Analisando por setores econômicos, a maior contração no segundo trimestre ocorreu na área de pesca, seguida pela indústria. Atividades como comércio, transporte, construção, agropecuária e mineração caíram a taxas mais moderadas.

As exportações se contraíram 5,4% entre abril e junho, e as importações recuaram 18,8%. A receita nacional bruta disponível real caiu 7,3%, após perder 6,9% no trimestre anterior. Segundo o BC, isso se explica pela diminuição das trocas comerciais.

O BC chileno disse também que a balança de pagamentos fechou o segundo trimestre com um superávit em conta corrente de US$1,131 bilhão, o equivalente a 2,9% do PIB chileno.

Para estimular a economia, o governo lançou no início do ano um pacote fiscal de US$4 bilhões, ao passo que o BC reduziu agressivamente as taxas de juros para o patamar histórico de 0,5%.