Título: Mantega: Brasil cresceu até 1,7% no 2º trimestre
Autor: D¿Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 19/08/2009, Economia, p. 21

Ministro prevê expansão entre 4,5% e 5% em 2010. Para economista-chefe do FMI, recuperação global já começou

SÃO PAULO e WASHINGTON. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a economia brasileira cresceu entre 1,6% e 1,7% no segundo trimestre em relação ao primeiro. A esse ritmo, acrescentou, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) estaria crescendo a uma taxa anualizada superior a 6%.

Mantega, porém, não revelou a projeção da Fazenda para o PIB deste ano. Disse apenas que a taxa de crescimento do país em 2010 será de 4,5% a 5%.

¿ O Brasil completou o ciclo negativo, recessivo, em apenas dois trimestres, enquanto vários outros países ficaram quatro, cinco trimestres com o PIB negativo ¿ disse Mantega antes de participar de evento da FGV ontem à noite em São Paulo. ¿ Agora, é só aquecimento.

Esse aquecimento, observou, não será ¿frenético¿, mas ¿gradual¿, no segundo semestre.

Mantega lembrou que os setores exportadores ainda sofrem com a retração dos mercados internacionais.

Segundo o ministro, a retomada da economia com a inflação sob controle abre espaço para os juros caírem ainda mais. Mas evitou falar quando ocorreriam novas quedas na Selic, alfinetando os bancos: ¿ A bonança nas taxas de juros deve continuar. Bonança no setor público, porque o setor privado poderia estar baixando ainda mais seus spreads (diferença entre o custo de captação do banco e a taxa cobrada dos clientes), que estão elevados. Os bancos públicos estão dando uma liçãozinha nos privados.

Mantega negou ainda que o governo pense em tirar a Eletrobrás do cálculo do superávit primário, como fez com a Petrobras.

Ele aproveitou para sair em defesa da Petrobras, que apresentou rentabilidade superior às das grandes petrolíferas globais no primeiro semestre: ¿ Foi a melhor entre as grandes empresas petrolíferas, a Petrobras, que é pública.

`Crise deixou cicatrizes profundas¿, diz estudo Um certo otimismo também foi mostrado pelo economistachefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard.

Em estudo divulgado ontem, ele afirma que a economia global está começando a se recuperar da recessão, mas alerta que esta deixou ¿cicatrizes profundas¿.

Ele sustenta que, para uma recuperação sustentável, os EUA terão de se voltar mais para as exportações e a Ásia, para as importações, corrigindo o desequilíbrio da economia global.

¿A recuperação começou¿, afirma Blanchard. ¿A crise deixou cicatrizes profundas, que vão afetar tanto a oferta como a demanda ainda por muitos anos¿.

Segundo o economista, a crise deixou os americanos menos propensos a gastar ¿ e o consumo responde por 70% da economia dos EUA. Por isso, explica, a China terá um grande papel na recuperação global.

Mas, para que a demanda interna chinesa cresça, Pequim precisa fortalecer o sistema de seguridade social mais forte e ampliar o acesso ao crédito. Isso estimularia as pessoas a pouparem menos e gastarem mais.

Blanchard diz ainda que os fluxos de capital para os mercados emergentes não devem retornar a seus níveis anteriores nos próximos anos.

(*) Com Bloomberg News e agências internacionais