Título: Do coronel e do cangaceiro aos trombadinhas, Fard e GAS
Autor:
Fonte: O Globo, 19/08/2009, O País, p. 4

BRASÍLIA. A tropa de choque do governo reapareceu em peso na Comissão de Constituição e Justiça do Senado para o depoimento da ex-secretária da Receita Lina Vieira.

A mobilização expôs a preocupação dos aliados com o efeito do caso na candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff. No momento mais tenso, houve bate-boca entre o governista Almeida Lima (PMDB-SE) e o oposicionista Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O nível baixou, lembrando o ¿cangaceiro de terceira¿ e ¿coronel de merda¿ da semana retrasada, no plenário do Senado.

A tensão explodiu quando Flexa Ribeiro acusou a tropa governista de intimidar a exsecretária da Receita. O tucano chamou os governistas de ¿Fard, Forças Armadas da Dilma¿, numa alusão às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Em tom de brincadeira, o líder do PT, Aloizio Mercadante, disse que as Fard seriam necessárias para combater o ¿GAS, Grupo de Assalto do Serra¿. Também instalado na primeira fila, Almeida Lima não gostou da provocação de Flexa Ribeiro e começou a revidar aos gritos: ¿ Sou tropa de choque sim, mas é uma tropa preparada contra os trombadinhas do poder! Não vou aceitar achincalhe e chacota. Sou contra a tropa do golpe ¿ esbravejou, dando socos na mesa. ¿ Isto é uma casa séria ou uma casa de gracejo? Que falta de respeito! Os senhores estão complexados, estão perdendo poder e demonstrando complexo de derrotados e derrotistas.

Flexa Ribeiro retrucou, lembrando que Almeida Lima integrou a bancada do PSDB no primeiro mandato do presidente Lula: ¿ Era o lado de Vossa Excelência também.

¿ Mas não prestava! ¿ respondeu o peemedebista, irritado.

Em tom de deboche, o tucano devolveu a ofensa aos governistas: ¿ Quero dizer ao senador Almeida Lima que não é trombadinhas do poder. É trombadinhas no poder! O treinamento para o embate começou na noite de segunda-feira. A tática foi traçada num encontro entre o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDBRR), a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (SC), e Mercadante.

Às 8h50m de ontem, dez minutos antes do horário marcado para o início do depoimento, a primeira fila da CCJ já era ocupada por Jucá e pelos líderes do PMDB, Renan Calheiros (AL), e do PTB, Gim Argello (DF).