Título: Juntando forças
Autor: Rocha, Leonel
Fonte: Correio Braziliense, 10/04/2009, Brasil, p. 9

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) decidiram juntar forças. Vão dividir a área de atuação das duas instituições na região do sudeste do Pará. Foi acertado que os camponeses que seguem orientação da federação deixarão hoje a Fazenda Cedro, no Km 563 da PA-150, e serão transferidos para outro imóvel da mesma agropecuária, a Fazenda Espírito Santo, em Xinguara, invadida em fevereiro. Em troca, o MST retira suas famílias da Espírito Santo e ocupa os barracos levantados pela Fetraf na Cedro. ¿Os dois movimentos não podem ficar juntos na mesma fazenda. É um desperdício de forças¿, explica Francisco Ferreira de Carvalho, o Chico da Cib, presidente da Fetraf.

A Fetraf organiza 61 acampamentos no Pará. A maior concentração está ao longo da rodovia PA-150, com oito ocupações e 1,4 mil famílias sob a bandeira da federação. Chico da CIB prefere não ingressar no MST e se incorporar à estrutura sindical tradicional. Garante que seus liderados não matam gado das fazendas ocupadas, nem mesmo para a alimentação das crianças. O sindicalista acusa os grupos de posseiros isolados que estão na Fazenda Barreira Branca de caçar gado.

O coordenador do assentamento do MST na Fazenda Maria Bonita, Moisés Jorge Costa da Silva, aceita dividir as tarefas com a Fetraf. Tendo que controlar 500 famílias acampadas, ele não tem tempo para coordenar o grupo que ocupa outro imóvel. Aos 31 anos, casado e com cinco filhos, Moisés usa dois telefones celulares de última geração e está sempre visitando os parentes em Marabá. (LR)