Título: Capitalização do BNDES ainda dá impacto na dívida pública, que chegou a R$ 1,3 tri
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 21/08/2009, Economia, p. 23

Governo emitiu R$ 25 bi em LFTs para repassar ao banco e dali para a Petrobras

Patrícia Duarte BRASÍLIA. As emissões de títulos do Tesouro Nacional para garantir empréstimos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continuaram elevando a dívida pública interna federal.

Em julho, ela chegou a R$ 1,350 trilhão, 2,12% maior do que em junho. Quando se incluem os débitos externos, o endividamento alcançou R$ 1,457 trilhão no mês passado.

Segundo o coordenador geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Fernando Garrido, em julho foram emitidos R$ 25 bilhões em LFTs referentes à concessão feita pelo governo ao BNDES. Toda essa quantia, acrescentou ele, foi repassada pelo banco à Petrobras, como parte dos empréstimos concedidos pelo governo à estatal para garantir seu plano de investimento até 2013, estimado em R$ 330 bilhões.

O Tesouro foi autorizado a emitir até R$ 100 bilhões para fortalecer o caixa do BNDES, medida que fez parte das ações públicas para enfrentar a crise internacional.

Até agora, segundo Garrido, já foram emitidos R$ 64 bilhões com essa finalidade: R$ 13 bilhões em março, R$ 26 bilhões em junho e R$ 25 bilhões em julho.

Papéis começam a vencer em 2015 e estão no BNDES Os papéis da primeira emissão já venceram e o restante tem prazos mais longos, como 2015. O coordenador avalia que, apesar de esses títulos estarem em poder do BNDES, as negociações não têm afetado o mercado secundário.

¿ O BNDES tem usado os títulos conforme a necessidade ¿ afirmou Garrido.

No mês passado, a emissão líquida total feita pelo Tesouro Nacional chegou a R$ 16,60 bilhões e a apropriação de juros, a R$ 11,41 bilhões. As emissões diretas de títulos da dívida interna somaram R$ 25,18 bilhões, já incluindo a operação voltada a capitalizar o BNDES.

A composição da dívida pública teve apenas pequenas alterações.

A parcela com remuneração prefixada caiu de 30% em junho para 28,55% em julho, enquanto a fatia atrelada a indicadores de preços recuou de 25,94% para 25,82% no período. Já a parcela indexada à Selic cresceu de 34,80% para 36,92% no mês passado, enquanto aquela atrelada ao câmbio recuou de 7,88% para 7,39%.

Garrido explicou ainda que, em julho, o Tesouro Nacional decidiu utilizar uma opção prevista nos contratos de empréstimos tomados junto ao Banco Mundial (Bird) e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para mudar a forma de cobrança de juros. Isso acabou gerando uma economia total de US$ 77 milhões.

Isso porque, até então, os papéis eram corrigidos por uma cesta de moedas e taxas pós-fixadas.

A partir de agora, passarão a ser contadas pela variação do dólar (que se desvaloriza) e por taxas prefixadas. Os empréstimos com o Bird somam US$ 522 milhões e os com o BID, US$ 3,1 bilhões.