Título: Valor do BB fica R$ 5 bi menor
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 10/04/2009, Economia, p. 13

Ações do Banco do Brasil derretem. Em dois dias, cotação dos papéis passa de R$ 48,5 bilhões para R$ 43,3 bilhões. Perda é capitaneada por estrangeiros, que são avessos a intervenções políticas

O uso político do Banco do Brasil, para se promover o aumento do crédito e a queda de juros mesmo sem respaldo técnico, está custando caro para os donos de ações da instituição, inclusive o Tesouro Nacional, que detém quase 66% dos papéis. Em apenas dois dias, o valor de mercado do BB derreteu R$ 5,2 bilhões (10,74%). Na terça-feira, antes do anúncio da demissão de Antonio Francisco de Lima Neto da presidência do banco pelo presidente Lula, a totalidade das ações da instituição valia R$ 48,5 bilhões. Ontem, o BB como um todo estava cotado a R$ 43,3 bilhões. ¿É inacreditável que um governo que se diz sério faça isso com o Tesouro e os investidores que apostaram na boa gestão do Banco do Brasil¿, disse Alexandre Marques Filho, analista da Elite Corretora.

Segundo ele, o tombo no valor dos papéis do BB está sendo comandado pelos investidores estrangeiros, os mais arredios a intervenções políticas. Eles têm 11% do capital do banco. Na quarta-feira, quando o mercado tomou conhecimento da intervenção no BB ¿ a instituição terá metas de redução dos juros e para aumento de crédito ¿, as ações despencaram 8,15%. Ontem, caíram mais 2,82%. ¿Não tem jeito. Se os cortes não seguirem padrões técnicos, é prejuízo na hora¿, ressaltou Marques.

Para ele, enquanto persistirem as dúvidas em relação ao futuro do BB, que já quebrou em 1996, exigindo um aporte de mais de R$ 8 bilhões dos contribuintes, os investidores vão vender suas ações e os preços vão continuar caindo. ¿O que o PT está mostrando de seriedade na condução da política monetária, está estragando na gestão de estatais¿, destacou o analista da Elite Corretora. Acredita-se, no mercado, que Lula está usando o BB para posar de defensor dos pobres, ao mostrar seu desejo de que os juros caiam a qualquer custo, para tentar recuperar a popularidade perdida e bombar a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sua sucessão.

Disputa aberta As desconfianças não se restringem ao mercado. Entre os funcionários do BB, há o temor de que uma administração política, sob o comando de Aldemir Bendini, o Dida, nomeado para suceder Lima Neto, empurre a lucratividade e a credibilidade conquistadas pelo banco nos últimos anos ladeira abaixo. Ontem, Mantega chamou os vice-presidentes da instituição para uma conversa na Fazenda. Pediu-lhes que tenham calma e assegurou que o BB não se meterá em aventuras.

Na verdade, o que Mantega quis foi pedir aos vices que não saiam agora, pois uma debandada destruirá a já arranhada imagem do BB. Dois executivos, Aldo Luiz Mendes (vice de Finanças) e José Maria Rabelo (vice de Negócios Internacionais), os únicos sem vinculação política com o PT e o PMDB, partidos que ratearam o comando do banco, não esconderam o descontentamento pela forma como Lima Neto foi defenestrado. A irritação está maior porque já começou uma disputa interna para o preenchimento da vaga de Bendini, que era vice de Cartões e Novos Negócios de Varejo, e para os cargos dos que se mostrarem contrários às mudanças promovidas por Lula.

-------------------------------------------------------------------------------- Lima Neto será premiado nos EUA Evandro Matheus/Esp. CB/D.A Press - 1/10/08

O presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, estará em Miami na próxima semana, participando do Brazilian-American Chamber of Commerce of Florida. A autorização para Lima Neto deixar o país foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União e a sua participação no evento foi confirmada pela assessoria de imprensa do Banco do Brasil, que informou ainda que ele receberá uma premiação em Miami. Lima Neto será agraciado com o Prêmio Excellence Award da Câmara de Comércio Brasil-EUA. Apesar de já ter sido anunciada a sua saída do comando do BB, Lima Neto continuará no cargo até 22 de abril. Depois será substituído por Aldemir Bendine, que é diretor do BB. Lima Neto foi demitido para que o banco possa acelerar a redução dos juros e spread, conforme determinação do governo federal.