Título: Sarney determina demissão de sobrinha
Autor: Camarotti, Gerson; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 22/08/2009, O País, p. 4

Presidente do Senado reafirma não conhecer servidora, nomeada por Roseana

BRASÍLIA. Mesmo dizendo não se considerar parente de Maria do Carmo Macieira e reiterando que não a conhece, o presidente do Senado, José Sarney (PMDBAP), anunciou ontem por intermédio de sua assessoria que, ¿por zelo¿, determinou ao diretorgeral da Casa, Haroldo Tajra, a imediata demissão da servidora, hoje lotada no gabinete do senador Mauro Fecury (PMDBMA).

Maria do Carmo é casada com Fábio Boeris Macieira, sobrinho da mulher de Sarney, dona Marly, o que poderia levar o presidente do Senado a ser questionado se não estaria infringindo a súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) que proíbe o nepotismo. A publicação da demissão sairia no Boletim Administrativo do Senado ontem mesmo.

Maria do Carmo foi nomeada em 29 de junho de 2005 para o gabinete da então senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), filha de Sarney. Foi mantida no cargo por seu suplente, Mauro Fecury, quando Roseana renunciou ao mandato para assumir o governo do Maranhão, em abril deste ano. Procurada ontem pelo GLOBO, a funcionária não foi encontrada no gabinete de Fecury.

Só recentemente é que se descobriu que sua nomeação ocorrera por ato secreto.

validada a pedido de Fecury Segundo a assessoria da Diretoria Geral, sua nomeação teria sido validada anteontem a pedido de Fecury, que confirmou sua frequência ao trabalho, e após a servidora apresentar declaração registrada em cartório atestando que seria contraparente de Sarney, o que não a enquadraria na lei antinepotismo.

Ainda por meio de sua assessoria, Sarney negou qualquer interferência na decisão da Diretoria Geral de validar a nomeação de Nathalie Rondeau ¿ filha do ex-ministro e seu afilhado político Silas Rondeau ¿ para integrar o Conselho Editorial do Senado. Embora Sarney seja o presidente do Conselho, todas as decisões editoriais e de nomeação dos demais integrantes do Conselho estariam a cargo do vice-presidente Joaquim Campelo Marques.

Em entrevista à GloboNews, Sarney disse que não se sente culpado de nada e que continua disposto a cumprir seu mandato até o fim.

¿ Não posso deixar (o cargo) porque não me deram nenhuma saída que não a de cumprir o meu dever até o fim. No dia em que a maioria dos colegas do Senado chegar e me destituir, muito bem. Eles me elegeram, podem me destituir ¿ declarou o presidente do Senado.

Na entrevista, Sarney disse que nunca foi pressionado a renunciar e que não se sente culpado de nada: ¿ Não existe pressão porque eu não me sinto culpado de nada.

Eu estou procurando servir ao país. Estou procurando ajeitar esta Casa. Estou pagando por isso. Eu vou continuar até o fim. Não tenha dúvida.

O presidente do Senado não afirma ter arrependimento de ter se candidato ao cargo, mas diz que não o queria: ¿ Eu tenho realmente a certeza de que relutei muito, eu nunca fui presidente do Senado por minha vontade, sempre por convocação. E, desta vez, eu não queria de maneira nenhuma, de jeito nenhum