Título: Cobrança agora é com o povo, dizem senadores
Autor: Camarotti, Gerson; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 22/08/2009, O País, p. 4

Oposição protesta contra engavetamentos

BRASÍLIA. Senadores protestaram ontem, em plenário, contra a decisão da Mesa Diretora da Casa de engavetar o recurso do PSOL contra o arquivamento das ações por quebra de decoro que tinham como alvo o presidente José Sarney (PMDB-AP). Pedro Simon (PMDB-RS) criticou a pressa 2 vice-presidente, Serys Slhessarenko (PT-MT), de assinar o arquivamento, aproveitando-se da ausência do 1 vice-presidente, o tucano Marconi Perillo (GO).

Cristovam Buarque (PDTDF) disse que agora cabe ao povo, nas urnas e em manifestações, cobrar atitudes dos políticos. Segundo ele, o arquivamento foi feito de maneira simplista, com base no regimento, como se ele pudesse se sobrepor ao plenário da Casa.

¿ Por que não trazer para o plenário a ideia de debater aqui a possibilidade ou não de termos, no Conselho de Ética, arquivados todos os processos, em vez de termos dado uma bofetada no povo, uma bofetada na opinião pública, dizendo: ¿Vocês não têm o direito de saber a verdade¿.

O que a opinião pública quer é saber. Essas denúncias são verdadeiras ou falsas? Não demos tempo ao povo ¿ disse Cristovam. ¿ Eu dou por terminada a luta para tentar fazer com que a verdade aflore aqui no Senado.

Continuarei essa luta como cidadão, lá fora, nas manifestações que possam ocorrer.

Marina Silva (sem partidoAC) endossou.

¿ Não sei como podemos sair desta crise, mas os eleitores do Brasil terão a oportunidade de nos fazer sair dela em 2010 ¿ disse Marina.

Simon, porém, indicou que tentará continuar a luta no Supremo Tribunal Federal.

Para ele, Sarney agiu rápido, enviando o documento quando sabia que Perillo não estava na Casa, deixando a Serys a missão de arquivar o recurso do PSOL.

¿ Se não deixarem vir para o plenário essa decisão, o Supremo vai mandar vir, porque está lá o artigo, no Regimento Interno ¿ avisou Simon.

O PSOL ainda não decidiu se recorrerá ao STF contra a decisão da Mesa. Segundo a assessoria do senador José Nery (PA), o partido só decidirá após seu congresso nacional, que está sendo realizado em São Paulo.

Para negar o recurso, Serys se baseou em parecer do consultor legislativo Gilberto Guerzoni Filho, que entende não caber recurso ao plenário de decisões do Conselho. O arquivamento foi publicado no Diário do Senado de ontem.