Título: Protestos batem às portas de Sarney e Duque
Autor: Bruno, Cássio; Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 23/08/2009, O País, p. 5
Manifestações pedindo a renúncia do presidente do Senado reúnem dezenas de pessoas em Brasília, São Paulo e Rio
RIO e BRASÍLIA.Protestos contra a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado tomaram ontem ruas do Rio, São Paulo e Brasília.
No Rio, pelo menos 150 pessoas, a maioria estudantes, participaram do protesto com os rostos pintados, narizes de palhaço, apitos, caixas de pizzas e cartazes com ¿Fora Sarney¿, à tarde, no Flamengo, Zona Sul da cidade. O ato durou cerca de duas horas e foi acompanhado por policiais militares, alguns armados com fuzis.
O grupo percorreu as ruas do bairro até o prédio onde mora o presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), responsável por arquivar as denúncias contra Sarney por suspeitas de nepotismo, tráfico de influência, desvio de recursos públicos e envolvimento com atos secretos. No protesto, os manifestantes gritaram palavras de ordem.
¿ Algumas pessoas no Senado têm que saber que a opinião pública existe. Nós aqui queremos a renúncia e a perda do mandato de Sarney ¿ afirmou William Garcia, um dos organizadores do protesto.
O refresco dado pela tropa de choque no Senado não livrou Sarney de continuar tendo que assistir a protestos pedindo sua saída do cargo. Em Brasília, um grupo de cerca de 40 estudantes secundaristas e universitários foi até a frente da casa do senador, no Lago Sul, pedir sua renúncia.
Empunhando cartazes, os jovens argumentavam que não há mais espaço para que o senador continue no comando da Casa.
Eles reclamaram da truculência de seguranças de Sarney, que os expulsaram da rua sem saída que dá para a casa do político.
¿ O Sarney é o Brasil que não existe mais, o Brasil patrimonialista, o Brasil coronelista.
A gente não aguenta mais isso ¿ desabafou Mateus Lôbo, de 20 anos, estudante da UnB.
Em São Paulo, a manifestação foi organizada pela internet e ocorreu na Avenida Paulista com a presença de dezenas de pessoas. Os participantes se reuniram por volta das 14h no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e seguiram rumo ao centro da cidade