Título: Coutinho: país crescerá 4% em média até 2012
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 25/08/2009, Economia, p. 21

Presidente do BNDES diz que empresas voltaram a ter "entusiasmo", mas é preciso ampliar os investimentos

SÃO PAULO. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou ontem que a economia brasileira deverá apresentar um crescimento de 4%, em média, de 2009 a 2012. Segundo Coutinho, apesar de uma pequena alta entre zero e 1% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) prevista para este ano, o ¿entusiasmo¿ das empresas está de volta, e o Brasil tem condições de crescer muito acima da média dos países desenvolvidos.

O presidente do BNDES apontou a recuperação da indústria, cujo nível de ocupação deve chegar a 82% no fim deste ano, e o aumento dos investimentos de longo prazo como fatores que devem ajudar a alcançar a média de crescimento de 4% até 2012.

¿ O mercado doméstico está sempre propenso a crescer. O grande problema é sustentar o crescimento dos investimentos ¿ disse Coutinho, durante palestra do Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef).

Presidente do BNDES prevê maior oferta de crédito Para este ano, a previsão do banco é de que a taxa de investimentos fique na faixa dos 19% do PIB, insuficiente, na avaliação de Coutinho, para sustentar uma retomada mais forte da economia nos próximos anos. O Brasil, avaliou, precisa elevar seu esforço de investimento e poupança em direção a 23%, 24% ou 25% do PIB, contando também com a ajuda do setor privado.

¿ Para crescer 6%, 7% ao ano, é preciso ter pelo menos 25% de investimento em relação ao PIB e ter muita inovação e produtividade ¿ destacou ele, lembrando que nenhuma economia cresce se não expandir primeiro a oferta para, depois, a demanda.

Para Coutinho, as instituições privadas serão motivadas a oferecer mais crédito à medida que a economia crescer, a inadimplência cair e a concorrência aumentar entre os bancos.

Ele também defendeu um tratamento tributário diferenciado para os bancos investirem em crédito de longo prazo.

Isso, a seu ver, levará os bancos a buscar outra vez o crescimento através do crédito como fonte de rentabilidade.

¿ Vários aspectos de regulação e tributação deveriam ser repensados no sentido de se estimular uma migração gradualista para prazos mais longos como uma maneira de tornar o sistema financeiro mais participativo no esforço de investimento do país ¿ afirmou Coutinho.

Projeção é que reservas cambiais atinjam US$ 230 bi Sobre a valorização do real frente ao dólar, Coutinho disse que a maneira de contrabalançar esse ingresso de capital é com a compra de reservas. Até o fim do ano, ele acredita que as reservas internacionais do país deverão estar entre US$ 225 bilhões e US$ 230 bilhões.

¿ Os ingressos de capitais devem ser contrabalançados por aquisição de reservas.

Mas essa operação de neutralização é uma tarefa do Banco Central ¿ disse ele.