Título: Uma defesa do Estado eficiente
Autor: Rangel, Juliana; Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 25/08/2009, Economia, p. 17

Governadores elogiam Cedae, Cemig e Copasa e Mantega, o BB

Ramona Ordoñez, Henrique Gomes Batista e José Meirelles Passos

A discussão já não passa mais pelo Estado máximo ou mínimo; é preciso discutir se o Estado é eficiente. Esse foi tema recorrente na palestra dos governadores do Estado do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), na abertura do seminário de ontem. Sérgio Cabral citou o caso da Cedae, que na gestão anterior tinha prejuízo mensal de R$ 30 milhões. Agora, tem lucro de R$ 90,5 milhões e é a segunda maior do setor no país em geração de receita líquida, segundo o ranking Valor 1000.

Aécio emendou e elogiou a Cemig e a Copasa. A Cemig, de energia elétrica de Minas, investiu R$ 7,8 bilhões. A Copasa, de água e saneamento, foi escolhida a de melhor desempenho do setor também pelo jornal ¿Valor¿.

¿ Temos que superar a máxima, com a qual somos de alguma forma coniventes, de que o setor é ineficiente por natureza ¿ destacou Aécio, em um discurso de candidato a presidente da República.

Reação à crise seria pior sem bancos públicos, diz Mantega O governador de Minas também criticou o modelo de rodovias federais e lembrou que cerca de 10% da produção agrícola são desperdiçados entre o produtor e o consumidor por ineficiência: ¿ Quando tivermos setor público mais eficiente, que desperdice menos, vamos ter dado uma contribuição importante para o país.

Ao falar logo após os governadores, o ministro Guido Mantega disse a União também tem suas empresas de excelência. Citou a expansão do crédito nos bancos públicos e o quanto ela foi decisiva para evitar que o pior da crise se instalasse no país: ¿ Se não houvesse bancos públicos, a reação da economia (à crise) teria sido muito mais demorada. O setor público pode ser eficiente, como o setor privado pode ser ineficiente ¿ afirmou, em referência à atuação de Banco do Brasil e BNDES.

Aécio criticou a ¿falta de vigor político¿ do presidente Lula para enfrentar as reformas: ¿ O presidente Lula tem suas virtudes ao manter os pressupostos da questão macroeconômica do governo anterior, na ampliação dos programas de transferência de renda, mas falhou ao não enfrentar os contenciosos que precisaria enfrentar. O presidente não teve vigor político para enfrentar essas reformas. O Brasil está maduro para essa construção. A agenda do PT hoje é a mesma de anos atrás. Poderíamos, independentemente de quem vença as eleições, ter um compromisso, um pacto na votação dessas reformas ¿ disse Aécio, que emendou: ¿ Hoje, 70% do que é arrecadado vão para o governo federal. Essa centralização leva à ineficiência da gestão pública. Deve haver transferência de responsabilidades para estados e municípios.

Sérgio Cabral também disse ser favorável ao fortalecimento dos estados e municípios e à busca da eficiência da gestão do Estado. Para ele, não é possível a legislação do trânsito e o Código Penal serem os mesmos em todos os estados.

¿ Sou defensor de uma reforma federativa. Sou mais radical. Não é possível que o Estado do Rio tenha a mesma legislação penal do que em Rondônia. São realidades completamente diferentes ¿ exemplificou.

Aécio defende convergência entre PSDB e PV para 2010 Aécio defendeu ainda uma convergência entre o PSDB e o PV em vários estados, e que há uma proximidade bem maior do PV com o seu partido do que com o próprio governo.

Perguntado se a candidatura presidencial da senadora Marina da Silva, pelo PV, ajudaria o PSDB ¿ pois tiraria votos de Dilma Rousseff, a virtual candidata do PT, Aécio sorriu: ¿ Não sei se ajuda o PSDB. Ela ajuda o processo eleitoral, pois traz um tema muito positivo à discussão eleitoral.

Mas certamente, neste momento, vocês devem concordar comigo: gera mais dor de cabeça ao núcleo do governo do que à oposição.