Título: Sindicatos vão propor corte gradual na jornada
Autor: Doca, Geralda; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 26/08/2009, Economia, p. 21

Centrais tentarão acordo com entidades patronais. Audiência tumultuada acaba com mesa quebrada no Salão Verde da Câmara

BRASÍLIA. Para evitar a disputa entre trabalhadores e empresários ¿ que marcou a audiência realizada ontem na Câmara dos Deputados sobre a redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas, com vaias dos dois lados ¿ as centrais sindicais vão propor às entidades patronais um acordo. Nos moldes do ocorrido na Constituição de 1988, a carga horária cairia gradualmente. À época, o número de horas trabalhadas caiu de 48 para 44 horas em dois anos (uma hora a cada seis meses).

Segundo sindicalistas, o setor produtivo será procurado assim que for marcada a data da votação da emenda constitucional.

Hoje, representantes das centrais vão se reunir com líderes dos partidos e conversar com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), sobre a inclusão da proposta na pauta. As entidades alegam ter assinatura de todos os partidos, com exceção do DEM, para dar preferência de votação à matéria.

Desde a aprovação da proposta numa comissão especial da Câmara, no fim de junho, sindicalistas vêm fazendo verdadeiro corpo a corpo com os parlamentares a favor da redução da carga, que exige mudança na Constituição. Para isso, é preciso aprovação em quórum qualificado (três quintos dos parlamentares, em dois turnos na Câmara e dois no Senado).

Representantes das centrais sindicais apostam na proximidade do calendário eleitoral para aprovar a mudança, favorável aos trabalhadores. O presidente da Força Sindical, deputado do PDT-SP, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, considerou o debate positivo.

¿ De um lado empresários e de outros trabalhadores, e toma vaia para cada lado. Foi bonito, um confronto parecido com o Fla-Flu.

A entidade levou 200 kg de biscoito e, em determinado momento, ¿todo mundo avançou e o vidro da mesa, que fica no Salão Verde, quebrou¿, contou Paulinho. Ele minimizou o tumulto e disse que entidade vai arcar com o prejuízo.

Ontem, as galerias da Câmara ficaram lotadas. Pelos cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), havia 750 empresários. As centrais estimaram a presença de dois mil trabalhadores.

Representantes da indústria criticaram a proposta, alegando que o aumento do custo vai causar desemprego e prejudicar ainda mais as micro e pequenas empresas. Já o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ficou do lado dos trabalhadores: ¿ As empresas que praticam as 40 horas melhoram a produtividade do trabalhador