Título: Jefferson tenta retornar à cena
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 11/04/2009, Política, p. 4

Pivô do escândalo, ele articula votação de projeto de anistia O presidente do PTB, Roberto Jefferson, quer antecipar o retorno às urnas. Ele foi cassado em 2005 e teve os direitos políticos suspensos por oito anos. Mas o petebista tenta levar adiante uma proposta inédita na Câmara: articula a apresentação de um projeto de resolução que anule os efeitos da retirada do mandato. Para tentar minimizar a personalização da proposta, ele vende a iniciativa como um benefício também a José Dirceu (PT) e Pedro Corrêa (PP), os únicos envolvidos no escândalo do mensalão que sofreram a pena política.

Jefferson tentou primeiro, sem sucesso, a regulamentação da norma sobre a perda dos direitos políticos. Ele queria que o prazo de oito anos começasse a contar a partir da data da votação no plenário da Câmara e não a partir do fim do mandato, em 2006. Isso lhe garantiria disputar a eleição municipal de 2014. Sem sucesso, partiu para uma iniciativa ainda mais ambiciosa: anular sua cassação via projeto de resolução e já voltar em 2010.

Esse é o sonho também do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O petista fala abertamente sobre seu desejo, mas não aposta nas articulações do antigo algoz. Prefere esperar o resultado do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). O obstáculo a Dirceu é a morosidade da Justiça. O ministro Joaquim Barbosa, responsável pelo caso, já disse ser inviável julgar todo o processo em 2010.

Uma das primeiras pessoas que Roberto Jefferson consultou sobre a proposta foi o líder de seu partido na Câmara, Jovair Arantes (GO). O deputado avalia que a proposta do correligionário é uma ¿justiça¿ para corrigir equívocos e brechas na lei. Arantes, no entanto, avalia ser difícil a proposta ir adiante por estar vinculada ao petebista. ¿Se a gente conseguisse emplacar a ideia como uma justiça, teria alguma chance, mas desse jeito, personalizada na figura do Roberto Jefferson, fica mais difícil¿, justifica.

Se o ceticismo instalou-se até no próprio partido, outras lideranças da Câmara também não esboçam qualquer interesse em levá-la adiante. A Secretaria-Geral da Casa informou que não há precedente de um projeto de resolução votado para anular efeitos de cassação. Juridicamente, no entanto, esse é o caminho. Mas como é inédito, seria facilmente questionado. Com dificuldade para votar até propostas consensuais, a cúpula da Câmara também não está disposta a encampar a iniciativa de Jefferson.