Título: Após críticas, governadores evitam polêmica com Planalto sobre pré-sal
Autor: Ordoñez, Ramona; Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 27/08/2009, Economia, p. 22

Serra não comenta se foi chamado para evento em que regras serão apresentadas

RIO, SÃO PAULO, BRASÍLIA e VITÓRIA.

Governadores dos estados produtores na região do présal evitaram polêmica com o governo federal ontem. Sérgio Cabral, do Rio, esquivou-se de perguntas e limitou-se a dizer que as receitas de royalties e Participações Especiais (PEs) ¿são imprescindíveis¿. O governador capixaba, Paulo Hartung, também evitou a imprensa. E o paulista José Serra, alegando que não queria dar manchete para os jornais, disse que não comentaria se fora convidado para a cerimônia de apresentação da proposta para a nova legislação do pré-sal, no próximo dia 31. Ontem, O GLOBO publicou que Cabral e Hartung faltariam à solenidade por discordarem das novas regras.

Por meio de sua assessoria, Cabral disse que tanto ele como Hartung (ambos do PMDB) desconhecem o teor do projeto do governo. Ele lembrou que os dois estados concentram mais de 90% da produção de petróleo do país, daí a importância de suas receitas. Segundo fonte próxima a Cabral, ele teria avaliado que, após as críticas às novas regras, seria hora de aguardar.

Já Serra (PSDB) considera precipitada a discussão, pois o assunto ¿não é urgentíssimo¿: ¿ A gente não tem que matar cachorro a grito. Acho que tem tempo para fazer um modelo bem feito que leve em conta não só a opinião absolutamente essencial dos parlamentares, mas também as regiões. Acho que não é um assunto urgentíssimo. É urgente, mas não urgentíssimo.

Aécio: `é possível contemplar os interesses¿ de todos Serra evitou comentar a recusa de Hartung e Cabral em ir a Brasília na próxima segundafeira.

E, perguntado se fora convidado para a cerimônia, disse que não sabia se tinha recebido o convite.

¿ Estou sabendo por você (o jornalista) que tem a reunião.

Diante da insistência dos jornalistas, foi ríspido: ¿ O que você está querendo é algo para o título (da reportagem).

Não sei se tem convite ¿ disse ele, negando que evitar intriga com o governo federal seja uma estratégia para chegar ao Palácio do Planalto.

A Presidência informou ao GLOBO que todos os governadores foram convidados.

Em Brasília, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, também adotou tom conciliador: ¿ Rio e Espírito Santo fazem seu papel. Acho que é possível contemplar os interesses desses estados ¿ disse Aécio, que afirmou não ter sido convidado.

O governador de Aracaju, Marcelo Déda (PT), se mostrou preocupado com ¿o desconhecimento das regras¿.

Em Brasília, o secretário de Desenvolvimento do Rio, Júlio Bueno, reiterou que a discussão do pré-sal ¿é irracional¿. E reafirmou que o petróleo no Brasil é tributado no destino. Por isso, Rio e Espírito Santo têm ¿enorme custo¿ como produtores e defendem maior fatia na divisão de riquezas do pré-sal. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, que também esteve em Brasília, disse que deverá aderir ao boicote.

COLABORARAM Eliane Oliveira, Geralda Doca, Gustavo Paul e Bruno Dalvi