Título: Sarney agora manda demitir namorado da neta
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 28/08/2009, O País, p. 12

Nomeação do rapaz, feita a pedido de Maria Beatriz Sarney, seria validada em pacote anunciado por diretor do Senado

BRASÍLIA. Uma hora depois de o diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, ter anunciado que havia validado mais 20 atos secretos, entre eles o que nomeara Henrique Dias Bernardes, então namorado de Maria Beatriz Sarney, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mandou anular a decisão em relação ao rapaz. O ato de exoneração será publicado amanhã no Boletim Administrativo, mas só terá efeito a partir do próximo dia 25 de setembro, quando o funcionário voltará de férias.

A nomeação de Dias ocorreu em 10 de abril de 2008, por meio de ato secreto, após Sarney ter recebido pedido da neta para que ele ocupasse vaga de assistente parlamentar (salário de R$ 2.794) da Diretoria Geral, no lugar de seu meio irmão Bernardo Cavalcanti Brandão Gomes. A contratação foi uma das maiores dores de cabeça de Sarney.

Antes de falar com o avô, Maria Beatriz falou com o pai, Fernando Sarney, que a orientou a mandar o namorado procurar o então diretor-geral, Agaciel Maia, com quem prometera falar pessoalmente. Essa triangulação foi confirmada por meio de grampo telefônico feito pela Polícia Federal. Embora o cargo ocupado por Henrique Dias seja da Diretoria Geral, ele trabalhava numa função burocrática do Serviço Médico da Casa.

A justificativa da Diretoria Geral para validar a nomeação de Dias foi que seus superiores atestaram que ele tem comparecido regularmente ao trabalho e atende as demandas de sua função.

Dos 79 atos secretos relativos a nomeações, 65 já foram convalidados, inclusive o que aumentou em 2005 a verba indenizatória de R$ 12 mil para R$ 15 mil. Restam em análise 14. Outros 36 atos secretos relativos a decisões da Mesa também foram convalidados.

O 1osecretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), admitiu que a Mesa poderá derrubar parcialmente o projeto de Eduardo Suplicy (PT-SP), aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, que acabaria com a farra das gratificações nas comissões permanentes, temporárias ou especiais (de R$ 1.300 a R$ 2.600): ¿ Esse projeto é uma coisa demagógica. Não é justo. Já moralizamos muitas comissões, mas algumas são essenciais, e seus integrantes são obrigados a trabalhar nos finais de semana.