Título: Para governo, Mantega e Cartaxo erraram na crise
Autor: Camarotti, Gerson; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 28/08/2009, O País, p. 9

Avaliação é que falta pulso ao novo secretário da Receita

BRASÍLIA. Avaliação reservada feita ontem na Presidência é que foi um erro a efetivação do novo secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva já não estaria mais escondendo sua contrariedade com a atitude do secretário da Receita diante da crise que tomou conta do órgão.

Assessores de Lula classificam de sofrível o desempenho de Cartaxo neste episódio, pois ele tem demonstrado não ter pulso para enfrentar a crise de pedidos de demissão em massa de postos-chaves do Fisco.

Atuação na CPI da Petrobras garantiu nomeação de Cartaxo A nomeação de Cartaxo era tida como uma solução para evitar uma crise com a saída de Lina Vieira. A expectativa era de que ele tivesse liderança entre os vários grupos da Receita. No primeiro momento, Cartaxo ficou como interino.

Somente foi efetivado após sua atuação na CPI da Petrobras, em que praticamente inocentou a estatal da manobra fiscal que diminuiu em cerca de R$ 4 bilhões sua arrecadação de impostos.

No núcleo do governo, há forte preocupação com a crise na Receita. A avaliação é a de que o ministro Guido Mantega cometeu três erros. O mais grave deles foi a demissão, no ano passado, do ex-secretário da Receita Jorge Rachid, considerado o último remanescente da equipe do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.

Até hoje, Lula lamenta ter cedido às pressões de Mantega pela troca.

O segundo erro foi a nomeação de Lina Vieira. Hoje, a avaliação é que foi uma escolha equivocada, pela quantidade de problemas que ela criou ao governo. Além de ter levantado questões na Petrobras, ela acusou a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, de pedir presteza nas investigações de empresas da família do presidente do Senador, José Sarney. Dilma nega.

O último erro de Mantega apontado pelo Planalto foi demitir Lina sem ter um nome forte para substituí-la. O que os aliados acham é que agora o governo está com um grande problema na Receita, já que não pode fazer imediatamente mais uma nova substituição no órgão.

Isso porque só agravaria a crise atual. O grande temor é que a onda de demissões possa causar queda de arrecadação.

Aliados do Planalto no Congresso identificaram dois erros graves cometidos pelo governo: a demora na substituição de Lina e a nomeação de Cartaxo, que já teria demonstrado falta de segurança e capacidade política para enfrentar a crise.

A avaliação é de que o novo secretário da Receita Federal também não estaria conseguindo conduzir de maneira eficaz e rápida as substituições dos dirigentes que apresentaram seus pedidos de exoneração ao longo desta semana.

¿ Do jeito que esse governo gosta de dar tiro no pé, a sua sorte é que ele é uma centopeia.

Se fosse um saci, já estava morto ¿ ironizou um dos principais aliados do governo.