Título: PF indicia filho de Zoghbi por usar babá como laranja em empresa
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Fonte: O Globo, 29/08/2009, O País, p. 12

Marcelo Zoghbi foi enquadrado em crimes previstos no Estatuto do Idoso

BRASÍLIA. Depois de indiciar o ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zogbhi nas investigações sobre crédito consignado, a Polícia Federal enquadrou um de seus filhos, Marcelo Zogbhi, em formação de quadrilha e crimes previstos no Estatuto do Idoso.

Marcelo é acusado de usar Maria Izabel, de 83 anos e ex-babá do pai, como laranja na Contact Assessoria de Crédito, suspeita de intermediar empréstimos a servidores do Senado acima do limite de 30% do salário.

A PF deve encerrar o inquérito em breve. O escândalo veio a público em meio às denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

¿ A velhinha foi iludida ¿ disse um dos investigadores.

O delegado Gustavo Buquer indiciou Marcelo Zoghbi com base no depoimento de Maria Izabel, entre outros indícios. Ao ser interrogada na primeira fase do inquérito, Maria Izabel negou ter conhecimento dos negócios da Contact. Nos papéis de constituição da empresa, ela aparece como uma das sócias da corretora.

Para a PF, não há dúvidas de que pai e filho usaram a exbabá como laranja para esconder vínculos entre o ex-diretor, um dos servidores mais influentes do Senado, e a Contact.

Advogado: ela sabia que estava ajudando o neto O Estatuto do Idoso, em vigor desde 2004, classifica como crime ¿induzir pessoa idosa, sem discernimento de seus atos, a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles dispor livremente¿. Também tipifica como crime ¿lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida representação legal¿. São crimes que podem ser punidos até com quatro anos de reclusão. João Carlos Zogbhi foi indiciado por concussão (extorsão cometida por servidor público no exercício da função), inserção de dados falsos em sistema de informação e formação de quadrilha.

A PF indiciou ainda Bianca Machado, uma das sócias da Contact, por formação de quadrilha; Ricardo Nishimura, também sócio, por falsidade ideológica, e o corretor Eric Felipe por formação de quadrilha.

O advogado Celso Lemos disse que não vê problemas no enquadramento de Marcelo Zoghbi pela polícia. Ele disse que Marcelo dará a devida resposta se o caso chegar à Justiça. O advogado sustenta que Izabel não era laranja e sabia que o nome dela aparecia entre os sócios.

¿ Dona Maria Izabel, a quem ele (Marcelo) chamava de avó, sempre esteve consciente de que estava ajudando o neto.