Título: Em Minas, PT rachado entre Pimentel e Patrus
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 30/08/2009, O País, p. 9

Apesar dos petistas, apoiar Costa poderá ser a opção de Lula

BELO HORIZONTE. Em Minas, o PT está rachado entre o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. Há mais de um ano eles medem forças e não dão mostras de que vão ceder a vaga de candidato ao governo. O partido rachou desde que, contra a orientação da cúpula nacional do PT, Pimentel se aliou ao governador Aécio Neves (PSDB) para eleger Márcio Lacerda (PSB) prefeito da capital. Agora, as eleições para escolher o presidente e os integrantes do diretório estadual, em novembro, estão polarizadas.

Dos cinco petistas que pleiteiam o comando do partido, ao menos quatro se alinharam com um ou outro pré-candidato. Atual presidente, o deputado federal Reginaldo Lopes fechou com Pimentel. Estão com Patrus o deputado federal Gilmar Machado, o estadual Padre João e o secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime.

Enquanto o grupo do ex-prefeito aposta num suposto favoritismo do candidato à reeleição para forçar um acerto em favor de Pimentel, a turma do ministro insiste em que as eleições internas não são ¿prévias das prévias¿ e que o jogo só termina em maio do ano que vem.

¿ Fazer o presidente e eleger a maioria do diretório mostra, claramente, a preferência do partido. Não tem sentido, depois disso, levar a cabo a disputa ¿ defende Pimentel.

Patrus aposta no Bolsa Família, presente nos 853 municípios de Minas, e na proximidade com o Planalto e o PMDB do ministro das Comunicações, Hélio Costa, outro pré-candidato.

¿ A gente está sempre aberto ao diálogo, não excluo ninguém ¿ diz o ministro, que se apresenta como um nome agregador, em detrimento de Pimentel, apontado pelo grupo de Patrus como o pivô do racha no PT.

O ex-prefeito explora sua boa aprovação em BH, a proximidade com a ministra Dilma Rousseff, companheira de militância na juventude, e o resultado de pesquisas para o governo de Minas, que lhe dão cerca do dobro das intenções de voto do rival:

¿ Basta olhar o que os institutos nacionais estão dizendo. Agregar é chamar votos.

O presidente Lula não fez gesto em favor de um ou outro, o que, para analistas, é um sinal em favor de Hélio Costa.

¿ A ideia é apoiá-lo (Hélio Costa), para aumentar o palanque da Dilma (pré-candidata à Presidência). Ele está à frente nas pesquisas ¿ diz o cientista político Bruno Wanderley, da UFMG.

Será difícil entrar no barco de Costa sem abrir crise no PT. Se os dois grupos do partido concordam em algo, é na candidatura própria.