Título: Tropa de choque em jantar no Palácio
Autor: Paul, Gustavo; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 31/08/2009, Economia, p. 15

Lula convoca Dilma, Lobão e Jobim para receber Cabral, Hartung e Serra

BRASÍLIA. Até o começo do jantar marcado para a noite de ontem no Palácio da Alvorada com o objetivo de conciliar interesses relativos à exploração do pré-sal, tanto os estados produtores quanto a União mantinham-se firmes em suas posições. Os governadores do Rio, Sérgio Cabral, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, entraram para a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantindo que retornariam ainda ontem a suas casas, faltando ao evento que lança o marco regulatório hoje, na capital federal.

Já o governador de São Paulo, José Serra, repetiu que considera precipitado mandar os projetos do pré-sal em regime de urgência constitucional - o que implica em prazo máximo de 45 dias de tramitação em cada Casa do Congresso Nacional. Isso desagrada também os governos do Rio e do Espírito Santo e a indústria petrolífera, que pediram uma discussão menos apressada sobre a revisão da Lei do Petróleo.

Antes do encontro, porém, a comissão interministerial informava que este assunto já está encerrado para o governo, que enviaria os projetos em caráter de urgência constitucional. Porém, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, garantiu que nada será feito por medida provisória (MP). A avaliação é que isso seria considerado uma afronta aos parlamentares.

- A MP está descartada - afirmou Lobão, após reunião de duas horas e meia da comissão interministerial, que acabou ao início da tarde.

Os governadores chegaram para jantar com o presidente Lula por volta das 19h30m, demonstrando união. Os três chegaram a capital federal em jatinhos alugados e se encontraram no terminal de aeronaves particulares do Aeroporto Internacional de Brasília. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, engordou a delegação fluminense. Cabral e Serra tiveram de esperar Hartung, que demorou um pouco para chegar. Depois de uma conversa reservada por cinco minutos, para afinar o discurso, os três seguiram juntos em uma van para o Alvorada.

Lula convocou uma tropa de choque. Estavam presentes os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Edison Lobão (Minas e Energia), que comandam a comissão interministerial que elaborou as regras, o ministro da Defesa, Nelson Jobim - peemedebista como Cabral e Hartung -, o ministro da Secretaria da Comunicação Social, Franklin Martins, e o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.

A assessoria de Serra não informou se o governador estava inclinado a permanecer em Brasília para a cerimônia ou se voltaria para São Paulo ao fim do jantar. (G.D. e G.P.)