Título: Brasília saturada
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 11/04/2009, Economia, p. 15

Se a demanda por crédito perdeu força no Brasil, na região Centro-Oeste a desaceleração é maior. Segundo levantamento realizado pela economista Luíza Rodrigues, do Banco Santander, com base nos indicadores divulgados pelo Banco Central referentes a 2008, o saldo de empréstimos e financiamentos avançou 29,5% no Centro-Oeste ante os 33,2% do país. Esse resultado foi puxado, principalmente, pelo desempenho do Distrito Federal, com avanço de 25,5%. Na capital do país, explicou o vice-presidente de Finanças da Caixa Econômica Federal, Márcio Percival, o que mais se vê é renovação de empréstimos e não operações novas, pois os brasilienses já estão com boa parte dos limites de endividamento comprometidos.

Pelos dados do BC, é na região Nordeste onde o crédito mais cresce: 36,6%. Mas, conforme observou Luíza, desde outubro do ano passado, quando o Brasil foi engolido por completo pela crise mundial, a liberação de empréstimos naquela região começou a se desacelerar, especialmente entre as pessoas físicas. ¿O Nordeste está ficando mais parecido com o Brasil¿, destacou a economista do Santander. Antes do estouro da crise, o Nordeste vinha se beneficiando fortemente do aumento da renda e da formalização do emprego, tudo o que deixa os bancos mais seguros na hora de liberar crédito.

Por unidade da Federação, o Rio de Janeiro registra o maior crescimento individual. A carteira de crédito do estado deu um salto de 46,6% no ano passado. A explicação, ressaltou Percival, é a Petrobras, que, com a escassez de crédito no mercado internacional, se voltou para o sistema bancário doméstico. Somente a Caixa emprestou aproximadamente R$ 3 bilhões à estatal no fim do ano passado.

No limite Na avaliação de Luíza Rodrigues, apesar de toda a contração atual do crédito, há um amplo espaço para o crescimento das operações. ¿No Brasil, o crédito representa 41% do Produto Interno Bruto (PIB), uma relação elevada em relação aos países mais ricos e em desenvolvimento¿, destacou. Ela frisou, no entanto, que, no crédito ao consumo, equivalente a 9,3%, o país já está próximo dos padrões europeus, que variam entre 10% e 11% do PIB, com picos de 14% na Inglaterra.

Também o nível de crédito a empresas, de 25,8% do PIB, está próximo da média mundial, de 30%. ¿Assim, é no crédito imobiliário que está o grande potencial de crescimento do Brasil. Em qualquer país do mundo com sistema financeiro mais desenvolvido, o crédito imobiliário representa 20% do PIB. Aqui, é de apenas 2%¿, assinalou. (VN)