Título: Itaboraí vira modelo de combate à tuberculose
Autor: Bottari, Elenilce
Fonte: O Globo, 01/09/2009, Rio, p. 18
Município pobre consegue superar metas da OMS, enquanto Estado do Rio tem maior taxa de incidência da doença
Um dos municípios mais pobres do estado ¿ está na 66aposição entre os 92 do Rio, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ¿, Itaboraí acaba de conquistar um lugar de destaque em outro mapa social: tornou-se referência nacional no tratamento de tuberculose pulmonar, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização PanAmericana de Saúde (Opas). O programa de combate à doença implantado no município reduziu o índice de abandono do tratamento de 30% para 4% e aumentou o de cura de 60% para 88%, nos últimos cinco anos. Esses números são superiores, inclusive, às metas estabelecidas pela OMS, que são de 5% para abandono e 85% para cura.
Especialistas atribuem o bom resultado à cobertura do Programa Saúde da Família no município. Enquanto no Rio o projeto só atinge 3,5% da população, em Itaboraí a cobertura é de quase 70%. Itaboraí e também Itaguaí têm mais um índice para comemorar: são os únicos municípios do estado a terem conseguido implantar o Tratamento Diretamente Obser vado de Curta Duração (Dots), indicado pela OMS, em 100% de seus pacientes.
Na semana passada, representantes da OMS, da Opas e de outras instituições estiveram em cidades de quatro estados brasileiros ¿ Rio, São Paulo, Minas Gerais e Amazonas. Os resultados dessas visitas serão levados à VIII Reunião da Parceria Global Stop TB, que reunirá coordenadores de programas de combate à tuberculose nos países das Américas. O encontro, promovido pelo OMS em parceria com o Ministério da Saúde, acontece a partir de hoje no Hotel Miramar, em Copacabana.
Estado do Rio tem a maior taxa de incidência Coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, Draurio Barreira confirma os bons resultados de Itaboraí e Itaguaí e diz que o objetivo é levar o modelo a outros municípios.
¿ Queremos principalmente o tratamento supervisionado, que consiste em observar o paciente tomando o remédio.
Segundo ele, o Estado do Rio tem a maior taxa de incidência do país ¿ 73 casos por cem mil habitantes, enquanto a média nacional é 38,2. A capital, que concentra quase 70% dos registros, ocupa a terceira posição entre os municípios brasileiros.
Coordenadora do programa contra a tuberculose em Itaboraí, a médica Denise de Freitas encontrou no Saúde da Família o caminho para implantar o Dots, assistindo todos os pacientes.
¿ Como o Programa Saúde da Família faz o atendimento de ponta, levamos o tratamento da tuberculose para lá. Os agentes vão à casa dos pacientes para dar o medicamento diariamente nos seis meses do tratamento.
No Rio, o Dots chega hoje a 75% dos pacientes. Segundo a gerente do Programa de Controle da Tuberculose da Secretaria municipal de Saúde, Elizabeth Cristina Soares, o índice de abandono do tratamento ainda é alto, de 14%, mas em algumas comunidades, como a Rocinha, a iniciativa mudou a realidade.
¿ Quando o programa começou, em 2003, a incidência na Rocinha era de 600 casos por cem mil habitantes, o abandono do tratamento era de 20% e a cura atingia 70%. Hoje, são 415 casos por cem mil habitantes, 4,5% de abandono e 88% de cura ¿ informou