Título: Governadores do NE terão proposta conjunta para distribuir royalties
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 02/09/2009, Economia, p. 22

Eduardo Campos (PSB-PE) classifica modelo atual de "pré-histórico"

BRASÍLIA. Afinados com o desejo original do Palácio do Planalto, os governadores do Nordeste devem apresentar, ainda este mês, uma proposta conjunta de redistribuição dos royalties incidentes sobre as bilionárias jazidas de petróleo do pré-sal. Ontem mesmo, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) começou a articular uma reunião do Fórum dos Governadores do Nordeste para fechar a proposta que será encaminhada ao Congresso.

Numa postura de enfrentamento com os governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Paulo Hartung (PMDB-ES) e José Serra (PSDB-SP), Campos ¿ que já conversou com os petistas Wellington Dias (Piauí) e Jaques Wagner (Bahia) ¿ chegou a classificar de ¿pré-histórico e da Idade da Pedra¿ o modelo atual de divisão da renda do petróleo.

A intenção dos governadores nordestinos é tirar a concentração dos estados produtores.

Nos bastidores, o Palácio do Planalto estimula esse debate.

Mas, em público, não se posiciona para evitar contaminar a mudança do novo marco regulatório para o regime de partilha, que está em análise na Câmara dos Deputados.

Segundo o governador, a manutenção do sistema não convém nem mesmo aos estados produtores: Rio, São Paulo e Espírito Santo. Estes reivindicaram que o governo federal não alterasse a distribuição do pagamento dos royalties do petróleo no projeto de lei enviado ao Congresso sobre o novo marco regulatório do pré-sal. Foi por isso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu retirar do texto a redistribuição dos royalties, mas com a certeza de que no Congresso esse debate seria retomado com força.

¿ Essa posição de manter a concentração não convém a eles. Vamos defender que os compromissos já assumidos no passado sejam honrados.

Tudo bem. Agora, defender que o que vier pela frente seja igual ao modelo atual, aí é errado. É uma posição préhistórica, da Idade da Pedra.

Não convém nem a eles ¿ disse Eduardo Campos.

Pernambucano alerta para novo fluxo migratório O governador pernambucano já conseguiu o apoio dos demais estados da região para fechar uma proposta conjunta.

Ontem, Campos argumentou que o pré-sal é uma grande oportunidade para o país, mas que precisa beneficiar ¿um todo, não só uma parte¿.

¿ Pode ser mais um instrumento de concentração regional ou um instrumento de equilíbrio econômico e social do país. Não podemos fazer um debate regionalista atrasado. Mas também não podemos fazer um debate mesquinho e rasteiro.

Campos ressaltou que o présal já terá impacto na economia do Sudeste ao elevar a produção do petróleo. Por isso, argumentou, se a distribuição de royalties não mudar, haverá uma dupla concentração.

¿ Isso será ruim para o país.

E não só para Nordeste ou CentroOeste. Será ruim também para o Sudeste ¿ afirmou, citando o risco de um novo ciclo migratório para o Sudeste