Título: Amigos elogiam decisões no Supremo
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Fonte: O Globo, 02/09/2009, O País, p. 8

Colegas de Corte e o presidente Lula acompanharam velório de Direito no Rio

RIO e BRASÍLIA. Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, do presidente da Câmara, Michel Temer, e de outros ministros do Supremo, o corpo do ministro Carlos Alberto Menezes Direito foi velado ontem no Centro Cultural da Justiça Federal, antiga sede do STF, no Centro do Rio.

O presidente Lula chegou ao local no meio da tarde, pouco antes do início de uma missa em homenagem a Direito, e permaneceu por cerca de dez minutos, após dar condolências à família.

Sem falar com a imprensa, Lula chegou com o governador do Rio, Sérgio Cabral, e do prefeito, Eduardo Paes. Em nota de pesar, Lula elogiou a discrição do ministro e destacou seu ¿brilhantismo e o elevado espírito público¿.

Afirmou que Direito ¿fundamentava seus votos com critério, objetividade e consistência¿ e declarou consternação.

Cabral lamentou: ¿ Era um patrimônio do Rio de Janeiro. É uma perda sentida por todos os brasileiros, mas principalmente pelo povo do Rio, que o admirava bastante.

Gilmar Mendes deixou a cerimônia emocionado.

¿ Era o juiz mais novo, mas experiente, que nos ensinava muito. Perco um grande amigo, perco um conselheiro.

A conduta técnica de Direito e decisões que marcaram sua carreira foram lembradas.

¿ A decisão que tomou no caso Raposa Serra do Sol é um exemplo de uma vida pública extraordinária. Vai marcar o futuro do país para o resto de sua história. É uma perda para o Judiciário, o estado brasileiro de direito e o humanismo moderno.

A perda é irreparável para o Supremo. Em curto espaço de tempo, honrou o direito e a Justiça do país ¿ afirmou o ministro da Justiça, Tarso Genro.

O presidente da Câmara, Michel Temer, destacou: ¿ A vida do Direito é aquilo que o próprio nome diz. É o justo, a linha reta. É a mensagem que deixa para todos nós.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, relembrou o passado com o amigo: ¿ Nós nos conhecíamos desde que eu era deputado e ele, desembargador. Foi para o STJ e depois para o Supremo. Convivemos intensamente durante nove anos. Éramos de um grupo que se reunia às segundas-feiras para discutir e estudar filosofia, lógica e matemática. Era católico e tinha formação filosófica profunda. Vai fazer falta.

Para Roberto Gurgel, procuradorgeral da República, o ministro se caracterizou pelo ¿estudo meticuloso dos autos¿: ¿ Foi uma perda para o Ministério Público. Era um defensor de diversas teses do MP.

Perdemos um grande aliado.

O advogado-geral da União, José Antônio Dias Toffoli, disse que a dedicação de Direito era tamanha que ele ¿conhecia os processos mais do que os próprios advogados¿: ¿ Era um gênio na área jurídica, mestre na relação social.

Sem dúvida nenhuma marcou em dois anos o Supremo com questões das mais relevantes.

O ministro do STF Ricardo Lewandovski disse que Direito deixou grande legado no STF: ¿ Foi um juiz conciliador, altamente técnico, um professor de todos nós. A decisão dele na Raposa Serra do Sol foi um primor, do ponto de vista técnico e doutrinário. O voto no julgamento das células-tronco embrionárias foi um estudo científico, talvez uma peça como jamais se viu no mundo jurídico.

Perdemos um grande amigo, um grande magistrado.

O acadêmico Candido Mendes lembrou a relação de Direito com o catolicismo e o Rio: ¿ Ligava sua fé ao desenvolvimento do direito. Levava a visão do Rio para o STF, passando a vivência da cidade.

Para o ministro Cesar Peluzo, do STF, Direito foi ¿solidário, agregador, não apenas importante para o mundo jurídico