Título: Lula faz ato pelo Dia da Marcha para Jesus
Autor: Gois, Chico de; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 04/09/2009, O País, p. 8

Casal Hernandes, que cumpriu pena nos EUA, participa e reza pela saúde da ministra Dilma, que se diz curada

BRASÍLIA. O casal Hernandes, da Igreja Renascer, que retornou recentemente ao Brasil após cumprir sentença de prisão por entrar nos Estados Unidos com US$ 56 mil não declarados, esteve ontem no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória da Presidência da República, para participar da sanção do projeto de lei que institui o Dia da Marcha para Jesus.

Antes da sanção, da qual participaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), os bispos se encontraram com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que cumprimentou um por um. Depois, eles rezaram pela saúde da ministra, que agradeceu. Ela não participou da sanção da lei.

Marcha será 60 dias após o domingo de Páscoa O Dia da Marcha para Jesus será celebrado 60 dias após o domingo de Páscoa. Estevam Hernandes e Sônia chegaram com o deputado bispo Gê Tenuta (DEM-SP) e se encontraram com outros pastores, entre eles o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) e o deputado bispo Rodovalho (DEM-DF).

A cerimônia foi rápida. Em nome dos evangélicos falou Crivella, autor do projeto. Lula não discursou. Todo ano a Renascer promove uma marcha para Jesus que atrai cerca de um milhão de fiéis em São Paulo.

Estevam e Sonia foram condenados nos EUA, em 2007, a cinco meses de prisão numa penitenciária federal e mais cinco meses de prisão domiciliar por contrabando de dinheiro de origem não-declarada e conspiração para cometer crime.

Parte do dinheiro estava no fundo falso de uma Bíblia.

Em liberdade condicional, precisaram de permissão da Justiça americana para sair do país.

O casal também teve de pagar US$ 60 mil aos EUA. No Brasil, respondem a processos por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e estelionato.

Dilma: saída de Marina do PT ¿não muda nada¿ Em entrevista à Radio Gaúcha, Dilma elogiou a senadora Marina Silva (PV-AC), sua possível adversária na disputa pela Presidência, e disse que a saída de Marina do PT ¿não muda nada¿ no partido.

A ministra, que muitas vezes entrou em choque com Marina quando esta ocupava o Ministério do Meio Ambiente, não alongou muito a conversa: ¿ (Marina) É uma pessoa especial, é uma companheira que, sem sombra de dúvidas, a gente não queria que saísse, é muito qualificada. Acredito que para o PT, em princípio, não muda nada.

Quase 15 dias após encerrar a radioterapia, Dilma demonstrou esperança de que os médicos anunciem, na próxima semana, que ela está curada do câncer linfático: ¿ (A saúde) Está muito boa.

Concluí o tratamento de radioterapia.

Na semana que vem farei exames, e vou dar um anúncio que antecipo aqui: do ponto de vista dos médicos, estou curada.

Estou com a certeza, com a esperança e a torcida.

O câncer foi detectado em abril deste ano, e a ministra passou por sessões de quimioterapia no Hospital Sírio-Libanês e depois por radioterapia. A quimioterapia provocou, em maio, dores nas pernas de Dilma, que ficou três dias internada. A radioterapia provocou queimadura, obrigando-a a reduzir o ritmo de trabalho. Embora tenha mantido viagens e eventos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em alguns dias ela despachou de casa.

A expectativa dos aliados é que a ministra supere a doença para enfrentar a campanha eleitoral de 2010. Ontem, numa entrevista de 20 minutos em que falou também de pré-sal e de investimentos federais no Rio Grande do Sul, Dilma voltou a dizer que não vai falar publicamente de candidatura à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para fugir dos ataques dos adversários, ela negou inclusive que tenha acertado a candidatura com Lula.

¿ Eu não acertei nada sobre esse assunto com o presidente Lula. Estou ainda naquela fase em que não falo nada sobre campanha eleitoral, porque não é a partir de agora que a questão eleitoral se coloca para o Brasil, é no ano que vem. Então, seria uma precipitação. Em segundo lugar, eu já sou o alvo da vez sem falar isso. Agora, falando isso, eu vou ser mais alvo ainda, até por uma questão de autoproteção. Isso não atinge a gente, mas é desagradável