Título: Ferida aberta
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 12/04/2009, Política, p. 6

Há 37 anos, os militares desembarcavam centenas de soldados no Araguaia para reprimir o movimento de militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que decidiram partir para a luta armada. A ideia era criar um exército popular que enfrentasse a ditadura, instalada no país a partir de março de 1964. Apesar de terem se passado quase quatro décadas, o episódio é uma ferida que ainda não cicatrizou entre familiares dos mortos e desaparecidos, alguns setores do governo e os militares.

De um lado, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, quer reunir todos os documentos existentes sobre o assunto para acabar definitivamente com a discussão. De outro, o ministro da Justiça, Tarso Genro, defende que os culpados pelas atrocidades da ditadura respondam por seus atos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fica em uma posição confortável, por não se pronunciar sobre o tema. Os militares também se calam para evitar mais polêmica, preferindo falar apenas do golpe de março de 1964.

Para o Brasil, restou a condenação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), por não ter dado respostas para centenas de familiares de desaparecidos no Araguaia que ainda clamam pelos corpos de seus mortos. (E.L)