Título: Fundo alerta que recuperação será lenta
Autor: Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 05/09/2009, Economia, p. 22

Strauss-Khan vê risco caso políticas contra a crise sejam suspensas

LONDRES. As discussões no encontro de hoje do G-20 (que reúne as principais economias industrializadas e emergentes) prometem girar em torno do debate sobre medidas regulatórias para o sistema financeiro mundial. Além disso, o fato de França, Alemanha e Japão terem oficialmente saído de recessão vai alimentar as discussões sobre uma diminuição nas injeções de recursos na economia global, incluindo a capitalização do Fundo Monetário Internacional (FMI). Algo que, para o diretor-gerente do organismo, Dominique Strauss-Khan, precisa ser examinado com muito cuidado: ¿ Dada a fragilidade da recuperação, há riscos de que ela poderia ser interrompida ¿ afirmou Strauss-Kahn. ¿ O abandono prematuro das políticas monetárias e fiscais acomodativas representa uma grande preocupação.

Strauss-Kahn reconheceu que a economia global parece estar deixando a desaceleração, mas ressaltou que a recuperação será lenta. Ele ressaltou ainda que o setor financeiro não está imune a novas instabilidades, ¿especialmente se os esforços para restaurar a saúde dos bancos não forem levados até o fim¿.

Nas discussões sobre mecanismos para regular o sistema financeiro internacional, o debate do G-20 deve se concentrar sobretudo na questão do limite para o pagamento de bônus a executivos. Países europeus propõem a criação de regras, com o Reino Unido defendendo uma moratória de cinco anos no pagamento de bônus, e a França fazendo lobby por um teto salarial. As propostas, porém, encontram a oposição dos Estados Unidos, que defendem um acordo internacional para forçar os bancos a aumentarem suas reservas de capital, a fim de prevenir uma nova crise.

O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, pediu medidas mais rígidas para a capitalização dos bancos. Teve o apoio do ministro de Finanças britânico, Alistair Darling. Já sua colega francesa, Christine Lagarde, argumentou que bastaria uma revisão das normas já existentes, conhecidas como Basileia II. (Fernando Duarte, correspondente, com Bloomberg News)