Título: Brics pedem fatia de mais 6% e 7% nas cotas de Banco Mundial e FMI
Autor: Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 05/09/2009, Economia, p. 22

Para Mantega, alguns países europeus poderiam reduzir sua participação

LONDRES. Brasil, Rússia, Índia e China ¿ que formam o grupo de emergentes chamado de Brics ¿ propuseram ontem aumentar suas cotas no Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (Bird). A proposta foi apresentada em documento distribuído ontem antes da reunião de ministros da Fazenda e presidentes dos bancos centrais do G-20, que reúne as principais economias ricas e emergentes do mundo. O texto também afirma que o pior da crise mundial já passou.

Os Brics propuseram que outros países transfiram para o grupo cotas no Bird e no FMI de 6% e 7%, respectivamente, o que possibilitaria uma distribuição mais proporcional de poder de voto entre nações desenvolvidos e em desenvolvimento. No FMI, por exemplo, os Brics detém apenas 10% das cotas. Para efeito de comparação, os Estados Unidos, que detêm o maior percentual, têm 17,1%. ¿Nós estamos conjuntamente contribuindo com US$ 80 bilhões para suplementar os recursos do FMI¿, afirma o comunicado.

Brics defendem manutenção de pacotes de estímulo Perguntado sobre de onde sairia o reforço na proporcionalidade dos países em desenvolvimento, o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, defendeu a retirada de cotas de países europeus, sob o argumento de que alguns ainda vivem mais de reputação do que de real peso econômico.

¿ Os 7% teriam de vir, principalmente, de países europeus.

Há que se estabelecer um critério de importância econômica.

Os países europeus perderamna ao longo do tempo e hoje estão sobrerrepresentados (sic), enquanto os países emergentes estão liderando o crescimento da economia mundial ¿ afirmou Mantega.

Na última reunião do G-20, realizada há cinco meses em Londres, os Brics haviam condicionado o aporte de recursos ao FMI ao compromisso de reforma da instituição. O grupo conseguiu antecipar o processo de 2013 para 2011, e Mantega agora acredita que um acordo sobre a transferência de cotas já possa ser alinhavado no novo encontro dos líderes do G-20, em Pittsburgh (EUA), nos dias 24 e 25 deste mês.

Os emergentes também pedem mais participação no processo de escolha dos diretores de FMI e Banco Mundial, que, desde sua criação, nos anos 40, são loteados entre Europa e Estados Unidos.

Na entrevista coletiva em Londres, os ministros dos Brics também defenderam a manutenção das medidas de estímulo monetário e fiscal num cenário em que as autoridades ainda veem riscos para a estabilidade econômica e financeira global.

O ministro de Finanças da China, Xie Xuren, disse ser cedo para se considerar estratégias de saída (das políticas anticíclicas) num momento em que o comércio global ainda mostra sinais de declínio e o desemprego permanece elevado.

¿ Há sinais de estabilização, mas falta sustentabilidade. Precisamos nos concentrar em fortalecer os esforços conjuntos