Título: Mantega: PIB cresceu de 1,8% a 2% no 2º tri
Autor: Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 05/09/2009, Economia, p. 24

Em Londres, ministro diz que "crise ficou para trás no Brasil" e que não pretende anunciar novas desonerações

LONDRES. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o PIB brasileiro cresceu entre 1,8% e 2% no segundo trimestre de 2009 em relação ao índice registrado nos três primeiros meses do ano. Mantega está em Londres para a reunião dos ministros da área econômica e dos presidentes dos bancos centrais dos países do G-20 (que reúne as 20 principais economias do mundo). Ele disse ainda que o governo não pretende fazer novas desonerações, alegando que, em julho e agosto, a atividade econômica deu sinais de recuperação, como a retomada da produção industrial. Isso, segundo Mantega, seria resultado das medidas de combate à crise.

¿ O Brasil é uma das primeiras economias a sair da crise. Nos resultados do segundo trimestre de 2009, o país já estará crescendo, anualizado, a mais de 6%. Não há dúvidas de que o mercado interno está se fortalecendo, estamos criando empregos. Ninguém tem dúvidas de que, no ano que vem, estaremos crescendo em algo próximo a 5% ¿ disse Mantega, que discursou ao lado dos colegas Pranab Mukherjee (Índia), Xie Xuren (China) e Alexei Kudrin (Rússia).

Os dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos do país) serão divulgados no dia 11.

Em entrevista ao site da BBC Brasil, Mantega reiterou seu otimismo e chegou a afirmar que ¿a crise já ficou para trás no Brasil¿.

Segundo ele, o sucesso do país contrasta com as dificuldades enfrentadas pelas economias avançadas, que começam a dar sinais de uma retomada ¿lenta, difícil e gradual¿.

No entanto, o ministro mantevese fiel ao argumento dos Brics (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China) em defesa da manutenção dos mecanismos de estímulo fiscal e financeiro.

Para ele, o Brasil ainda não precisa considerar mais seriamente estratégias de saída, por não ter se comprometido fiscalmente como outras nações.

O Brasil comprometeu o equivalente a 1% de seu PIB. A Rússia, mais de 3%.

¿ Vamos reiterar (na reunião de hoje) que é necessário manter a ação anticíclica. Ela não deve parar, enquanto for necessário ¿ disse à BBC Brasil.

Brasil apresenta hoje ao G-20 proposta de regulação Embora tenha indicado que o governo brasileiro não deverá anunciar novas políticas de desoneração, o ministro disse que manterá a presença forte do Estado na economia, com investimentos em infraestrutura e atenção à questão tributária.

¿ Não há desonerações em vista, mas continuaremos em alerta. Os resultados mostram que estamos no rumo certo e não há necessidade de se fazer reduções no momento.

Mantega disse não acreditar na tese de uma possível nova desaceleração da economia mundial, como acredita o economista Nouriel Roubini, segundo artigo no ¿Financial Times¿.

Para Mantega, a retomada vai ocorrer em ritmos diferentes.

¿ Quem vai puxar o crescimento somos nós (países emergentes). Pode haver um ou outro país europeu que fique melindrado, aborrecido. Mas isso não vai impedir que o G-20 se torne a instituição mais importante da economia mundial.

Segundo Mantega, na reunião de hoje, o Brasil vai apresentar também uma proposta de regulamentação do sistema financeiro internacional.

¿ Precisamos avançar com a regulação do sistema financeiro internacional. Não se consolidou ainda uma nova arquitetura com regras mais claras, com limites para a ação do capital especulativo. O Brasil já tem isso, e vou apresentar uma proposta de como ter isso em escala internacional.

(*) Com agências internacionais