Título: Palocci articula volta política em 2010
Autor: Camarotti, Gerson; Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 06/09/2009, O País, p. 10

PT espera resultado de pesquisas para definir futuro do ex-ministro

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Após se livrar de processo no Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa, o deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP) resolveu refazer sua estratégia política para 2010. Hoje, é favorito no PT para disputar o governo de São Paulo, mas seu futuro só será definido no fim do ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também cogita as hipóteses de delegar a Palocci a coordenação da campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência e até mesmo seu retorno ao Ministério.

Palocci evita entrevistas, mas nos bastidores articula para completar sua reabilitação. E aguarda uma definição do presidente Lula. Ele já externou o desejo de se candidatar ao governo de São Paulo, principalmente depois que o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) disse não ter interesse de entrar na disputa.

¿ Palocci tem história e perfil para ser candidato ao governo de São Paulo ou voltar ao governo (federal) ¿ diz o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP).

Mas Lula recomendou que Palocci aguarde mais um pouco.

Lula tem defendido a candidatura de Ciro em São Paulo, para evitar enfraquecer a candidatura de Dilma. Pesquisas foram encomendadas para avaliar o potencial político do ex-ministro após o escândalo do caseiro.

¿ O Lula quer um cargo de projeção para ele, mas não há decisão sobre qual é a melhor opção ¿ disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

A estratégia para que Palocci comece a mudar a chamuscada imagem política é dar-lhe um papel de destaque no debate sobre o marco regulatório do pré-sal. O PT decidiu que ele deve ficar com uma relatoria ou presidência de um dos quatro projetos enviados semana passada ao Congresso. O governo queria que Palocci fosse indicado para a principal relatoria, a que trata do modelo de partilha.

Mas o PMDB não abriu mão do cargo, que ficará com o líder da bancada, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Palocci recebeu aval do Planalto para recuperar força no diretório estadual do PT paulista e passou a defender a reeleição do ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva. Edinho é próximo do chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.

¿ Falta saber o que ele, Palocci, quer ¿ disse o presidente do diretório estadual do PT, Edinho Silva.

Se a decisão for pela candidatura ao governo paulista, Palocci terá que negociar com alguns dos demais pré-candidatos.

¿ Não existe essa história de retirar a candidatura automaticamente.

Vamos ter que negociar ¿ disse o prefeito de Osasco, Emídio de Souza.

Além de Emídio, os outros pré-candidatos são a ex-prefeita Marta Suplicy (aliada de Palocci); o ministro da Educação, Fernando Haddad (que disse a Edinho na sexta-feira não descartar a candidatura); e o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia.

Na última semana, surgiu a possibilidade de Palocci reassumir um lugar no Ministério. A pasta poderia ser a das Relações Institucionais, ocupada por José Múcio, que deve sair para assumir uma cadeira no Tribunal de Contas da União.

Palocci foi procurado para falar de seu futuro político, mas não retornou