Título: Lula indica que caça francês poderá ser comprado na visita de Sarkozy
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 07/09/2009, O País, p. 4

Em entrevista à TV5, presidente diz que Marina "aprovou tudo o que queria"

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que poderá aproveitar a visita ao Brasil do presidente Nicolas Sarkozy para confirmar que o caça francês Rafale será o vencedor do processo de seleção feito pela Força Aérea Brasileira. A FAB pretende comprar 30 aviões num negócio orçado em mais de R$3,8 bilhões. Sarkozy desembarcou ontem à noite em Brasília para assistir ao desfile de Sete de Setembro e assinar acordo de cooperação que prevê a compra pelo Brasil de submarinos e helicópteros franceses no valor de 6,1 bilhões de euros.

Na entrevista à Agência France Press, divulgada ontem pelo site do Palácio do Planalto, Lula disse que a compra dos caças está em fase avançada. O presidente deu sinais de que o Rafale será o escolhido, na disputa internacional FX-2, de que participam ainda o Gripen, da Suécia, e o F18, dos Estados Unidos.

- Vamos assinar (com a França) o contrato do submarino e o contrato dos helicópteros. E ainda estamos avançando na questão do caça... Vou ter uma reunião com ele (o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito) para, quando o Sarkozy chegar, nós sabermos em que ponto estamos no sentido de assinar o contrato também para o FX - disse Lula.

Ontem à noite, Lula foi receber Sarkozy na Base Aérea. Desde que assumiu o poder, em 2003, é a primeira vez que ele vai pessoalmente cumprimentar um chefe de Estado na sua chegada ao país. Os dois saíram sem falar com a imprensa. Na entrevista à France Presse, o presidente ressalvou que ainda precisará submeter a escolha do caça ao Conselho de Defesa Nacional, que tem entre os membros os presidentes de Câmara e Senado, além de ministros.

- Sabemos que os franceses são o único país (sic) importante que está disposto a discutir conosco a transferência de tecnologia em todas essas áreas. E um país do tamanho do Brasil não pode apenas comprar um produto e o país não passar a tecnologia. Então, a França tem se mostrado o país mais flexível nessa questão da transferência de tecnologia. E, obviamente, isso é uma vantagem comparativa e excepcional - reforçou Lula.

Lula defende política conciliatória com o Irã

À TV5, também francesa, Lula também teve de falar de política interna. Lula se mostrou impaciente ao ser indagado sobre as críticas feitas pela senadora Marina Silva, que trocou o PT pelo PV, à política ambiental no governo:

- Enquanto era ministra do Meio Ambiente, ela aprovou tudo o que queria. Ela fez tudo o que queria. O governo fez mais pelo meio ambiente do que nenhum país vizinho. O Brasil tem o desmatamento mais baixo dos últimos 20 anos.

Lula defendeu uma política mais conciliatória em relação ao Irã e rejeitou sanções a Teerã. Disse que chegou o momento de o Ocidente parar de condenar o Irã por seu programa nuclear e, em vez disso, estabelecer negociações sólidas para promover a paz no Oriente Médio.

- Acho que há muitas sanções e conversas insuficientes com o Irã - declarou.

Sarkozy vai assistir à parada militar na Esplanada dos Ministérios, hoje, às 9h. Depois ele assinará os acordos de cooperação.