Título: Popularidade de Lula cai; Dilma estaciona
Autor: Lima, Maria; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 09/09/2009, O País, p. 5

Defesa de Sarney, polêmicas envolvendo Receita e política de saúde são as causas apontadas

BRASÍLIA. A popularidade do presidente Lula e a aprovação do seu governo registraram queda na pesquisa de opinião divulgada ontem pelo Instituto Sensus, feita para a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Os índices se mantêm elevados, mas a avaliação positiva do governo caiu 4,4 pontos percentuais, oscilando de 69,8% em maio para 65,4% em setembro. Já a aprovação de Lula ficou em 76,8% contra 81,5% de maio. A desaprovação subiu de 15,7% para 18,7% no mesmo período.

Com a queda em seu desempenho pessoal, Lula retorna ao patamar de março, quando perdeu apoio por causa da crise financeira e ficou com 76,2% de aprovação. Tivera recorde de popularidade em janeiro: 84%. A avaliação regular do governo cresceu, ficando em 26,6% (contra 23,9% em maio) e a avaliação negativa é de 7,2% (5,8% em maio). A melhor avaliação da administração federal ocorreu em janeiro, com 72,5%.

A variação negativa nos índices de Lula e do governo foi influenciada, segundo análise da pesquisa, pela defesa pública que Lula fez do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pela polêmica entre a ministra Dilma Rousseff e a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira sobre a ocorrência ou não de um encontro para tratar de investigações sobre empresas de Sarney, e por críticas da população às políticas de saúde, como o combate à gripe suína.

A pesquisa foi feita de 31 de agosto a 4 de setembro, em 136 municípios de 24 estados das cinco regiões do país, com 2.000 pessoas. A margem de erro é de três pontos percentuais.

Segundo o Sensus, a maior parte da população não tomou conhecimento do embate entre Dilma e Lina, mas, entre aqueles que se declararam informados sobre o tema (41,5%), 35,9% acreditam que a ex-secretária falou a verdade. Para 23,6%, foi Dilma quem disse a verdade.

A entrada da senadora Marina Silva (PV-AC) na corrida presidencial e os reflexos da polêmica entre Dilma e Lina Vieira afetaram o desempenho da pré-candidata do PT à sucessão do presidente Lula, segundo a pesquisa. Dilma perde votos quando Marina concorre e também na simulação de segundo turno contra o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). O tucano continua liderando.

No principal cenário estimulado, Marina tem 4,8%, contra 39,5% de Serra, 19% de Dilma e 9,7% de Heloísa Helena (PSOL). Em maio, sem Marina, Dilma tinha 23,5%, e Serra, 40,4%; e Heloísa, 10,7%. Sem Heloísa, Marina chega a 9,5%, contra 19,9% de Dilma e 40,1% de Serra. E a 11,2% quando disputa com Dilma (25,6%) e com o governador de Minas, Aécio Neves (19,5%).

Dilma tem rejeição de 37,6%. Pesquisas mostram que, com mais de 40%, um candidato não se viabiliza no país.