Título: Governo italiano se diz otimista com julgamento
Autor: Weber, Demétrio; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 11/09/2009, O País, p. 4

ROMA. O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, e dois ministros do seu gabinete, os do Exterior e da Defesa, declararamse otimistas após a sessão do Supremo Tribunal Federal do Brasil sobre o processo de extradição do ex-terrorista Cesare Battisti para a Itália. Berlusconi, respondendo a um rapaz que lhe perguntara ¿se conseguirá ver Battisti atrás das grades¿, disse: ¿ Espero que sim, estou convencido de que os juízes brasileiros vão decidir com conhecimento de causa e sabedoria.

O ministro do Exterior, Franco Frattini, frisou em nota oficial que mantém sua confiança na magistratura brasileira, acrescentando: ¿É meu grande auspício que a solicitação de vista do processo que motivou a suspensão a pedido de um dos juízes permita a aceitação do pedido italiano de extradição, a que o governo, as instituições italianas e todas as forças políticas atribuem importância particular¿.

O mesmo otimismo se registrou na declaração do ministro da Defesa, Ignazio La Russa, a uma rede de televisão: ¿ Estamos absolutamente convencidos de que um país importante, amigo, como o Brasil, não poderá nem imaginar negar que a Itália é um país democrático, que a nossa magistratura respeita as regras do estado de direito, e que, portanto, deverá extraditar Cesare Battisti.

Uma das vítimas do ex-ativista, Alberto Torreggiani, que tinha 16 anos quando foi baleado no tiroteio que matou seu pai, durante um assalto dos Proletários Armados para o Comunismo, foi claro e breve: ¿ Espero que o Brasil nos mande de volta Battisti. De algemas.

Caso contrário, vou pessoalmente lá trazê-lo para cá.

Em entrevista ao jornal ¿Il Messaggero¿, de Roma, Stefano Dambruoso, responsável pelas atividades internacionais do Ministério da Justiça, ligou o caso Battisti ao do pai italiano preso em Fortaleza por ter beijado na boca a filha de 8 anos. Dambruoso destaca que ¿as relações judiciárias entre os dois países precisam recuperar a normalidade¿.

Para o dirigente do ministério, se o Brasil decidir não extraditar Battisti, ¿a mensagem evidente será que o Brasil não considera respeitados na Itália os critérios e as condições mínimas que caracterizam a democracia e o direito do nosso país¿.