Título: Não tenho nada com isso
Autor: Colon, Leandro; Rocha, Marcelo
Fonte: Correio Braziliense, 04/04/2009, Política, p. 2

Ex-diretor Nunca fui do grupo de Agaciel Maia. Eu sou funcionário concursado. Tenho pelo dr. Agaciel consideração de colega, mas jamais fui sequer amigo íntimo. Ingressei aqui (Senado) por concurso, desenvolvi minhas atividades como advogado e me tornei diretor-geral adjunto sempre numa perspectiva puramente técnica. O meu trabalho na Casa sempre foi técnico.

Irregularidades Com a maior tranquilidade, de cabeça erguida, digo que não tenho participação nisso. Por quê? Raciocina comigo. Quando você faz uma contratação viciada, (a irregularidade) não se dá na execução (responsabilidade da Diretoria-Geral Adjunta, ocupada por Gazineo). Ela se dá na formação do contrato, quando ele é assinado. Nessa parte aqui, eu não tinha gestão nenhuma. Eu não participava.

Gente demais Quando começou a haver a elevação do número de funções, eu não era diretor-adjunto. Era só advogado. Acho que há uma necessidade de enxugamento da estrutura do Senado porque o excesso do número de diretores provoca uma espécie de crise de identidade na Casa. Quer dizer, você tem um número muito grande de diretores, que não é 181. Acho que vocês já se convenceram disso. Se somarem as diretorias e subdiretorias, vai chegar a um número aproximado de 120. Aquele número de 181 foi indevidamente inflado por pessoas que recebem função inerente ao cargo. Se eu não fosse diretor, eu estaria naquela lista, porque no meu concurso de advogado eu tenho essa FC (função comissionada).

Gestão passada Por uma questão ética, eu não posso me manifestar sobre isso. À medida que a gente for podendo trabalhar, você vai ver que a nossa gestão é voltada para um outro tipo de visão. É uma visão técnica, com foco na eficiência, no que for necessário para que o Senado possa cumprir sua função da maneira mais eficiente, capaz e hábil.

Diretores Eu não posso substituir a diretoria da Casa porque isso é uma competência do presidente José Sarney. Mudanças paulatinas têm sido feitas. Não se pode passar uma vassoura de súbito porque isso pode causar um desmantelo na instituição.

Terceirizados Existe uma meta de redução de terceirizados no Senado. Ela começou por meio deste concurso que foi concluído agora em janeiro, visando a substituição de terceirizados na Comunicação Social. Por força do concurso, 60 postos foram transformados em postos a serem ocupados por servidores efetivos. E vai continuar nos próximos concursos, mantendo um número de vagas para a progressiva diminuição de terceirizados. É importante esclarecer que ao se ter a oportunidade de fazer um concurso nós não podemos pensar somente na substituição dos terceirizados porque a Casa ressente-se de servidores efetivos.

A missão É um cargo difícil, que me traz desafios técnicos. Amanhã (hoje) faz um mês que estou aqui e, nesse período, eu não tenho tido vida. Enquanto eu estou acordado, eu estou trabalhando. Trabalhando ora nas crises que se implantam, para atender a mídia dentro do possível. Mas é necessário pensar a gestão, agir, fazer as coisas acontecerem para que o Senado dê um salto de qualidade, como os projetos de reestruturação da Casa e de valorização do servidor por critérios de eficiência e mérito. Fazer com que o funcionário se sinta identificado com o seu trabalho e que se sinta cada vez melhor, dentro de sistemas técnicos, estratégicos, objetivos. Não de simpatia, tapa nas costas. Nada disso.