Título: Bolsa sobe 1,08% e já acumula alta de quase 100% frente à pior fase da crise
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 11/09/2009, Economia, p. 26

Dólar caiu 0,8% ontem, para R$ 1,821. Boas notícias de China e EUA influenciaram

RIO e NOVA YORK. Ajudado por notícias positivas no cenário internacional, como a promessa de continuidade dos estímulos econômicos na China e a redução dos pedidos de segurodesemprego nos Estados Unidos, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), subiu ontem 1,08%, para 58.535 pontos. Com a nova alta, a Bolsa volta a seu maior nível desde 31 de julho do ano passado, e já acumula ganhos de 98,9% desde a fase mais aguda da crise, em outubro. O dólar recuou 0,82%, para R$ 1,821.

Antes da abertura da Bolsa, de manhã, o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que o número de pedidos de segurodesemprego no país caiu para 550 mil na semana passada. A expectativa de economistas era que o total baixasse para 560 mil.

Já o levantamento que mede a quantidade de pessoas que continuaram recebendo o benefício por uma semana ou mais mostrou queda surpreendente: de 6,234 milhões para 6,080 milhões na semana anterior.

Também colaboraram para o otimismo os comentários do secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner. Ao falar a uma comissão parlamentar que supervisiona o plano governamental de incentivos à economia de US$ 700 bilhões (TARP, na sigla em inglês), ele disse que é hora de o país se preparar para um lento processo de recuperação.

Premier da China garante estímulos à economia do país Os três principais indicadores das bolsas americanas fecharam em alta pelo quinto pregão seguido.

O Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 0,84%, e o S&P 500 ganhou 1,04%. Ambos encerraram o pregão em seus maiores níveis desde 6 de outubro.

O Nasdaq subiu 1,15%.

No Brasil, foram as ações ligadas a matérias-primas que puxaram os ganhos da Bovespa.

Os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da Vale subiram 1,93%. Os da Braskem ganharam 4,48%.

O motor para a alta dessas ações foi a afirmação do primeiroministro da China, Wen Jiabao. Segundo ele, o governo continuará estimulando a economia do país.

¿ Não mudaremos a direção de nossas políticas em um momento inapropriado. A principal prioridade do nosso trabalho é manter um crescimento econômico estável e rápido e, por isso, manteremos nossa política monetária flexível e uma política fiscal ativa ¿ garantiu.

Na avaliação do economistachefe da Ágora Corretora, Álvaro Bandeira, as declarações indicam que a demanda por produtos siderúrgicos e metais irá se recuperar.

¿ Além do mais, durante a madrugada saem dados da produção industrial da China e é possível que ela venha em alta. Tudo isso beneficia as exportadoras de matérias-primas do Brasil ¿ observa.

Devido à espera dos dados da indústria chinesa, a Bolsa de Xangai caiu 0,73% ontem, com investidores vendendo ações para embolsar lucros.

As ações de empresas de telecomunicações também se destacaram na Bolsa. Os papéis da holding Oi ganharam 4,49% e as da Brasil Telecom subiram 3,62%. Para analistas, as ações do setor foram influenciadas pela oferta do grupo Vivendi pela GVT, no dia anterior. O grupo francês se propôs a pagar o equivalente a R$ 42 por ação.

¿ O setor andava meio esquecido, sendo usado como alternativa defensiva para momentos de crise. Mas a oferta fez com que os investidores voltassem a olhar para as empresas¿ disse Fábio Cardoso, sócio da consultoria Adinvest.

Já a Vivo Participações solicitou um registro para emitir R$ 600 milhões em debêntures simples, não conversíveis em ações. Cada uma terá um valor nominal de R$ 1 mil.

(*) Com agências internacionais