Título: Arminio: gastos freiam corte de juros
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 11/09/2009, Economia, p. 27

Ata do Copom indica que taxa será mantida em 8,75% por muito tempo

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O expresidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga afirmou ontem que um descontrole fiscal do governo poderá interromper a tendência de queda da taxa básica de juros (Selic).

Segundo Arminio, que hoje é sócio da Gávea Investimentos e preside o Conselho de Administração da BM&F Bovespa, o aumento dos gastos públicos é uma das principais ameaças à continuidade da redução dos juros pelo Comitê de Política Financeira (Copom) do BC.

¿ O Banco Central faz o seu trabalho e está entregando uma taxa de juros mais baixa, provavelmente, das nossas vidas.

Mas, se houver apoio maior na área fiscal, as taxas de juros podem cair ainda mais ¿ disse Arminio, depois de participar do seminário em São Paulo.

Na sua opinião, se o governo não fizer ¿nenhuma bobagem na Previdência¿ ou criar gastos públicos ¿incomprimíveis¿ para o futuro, os juros tendem a cair mais. Por outro lado, observa Arminio, se o país caminhar na direção de uma perda gradual de responsabilidade fiscal ¿teremos sérios problemas com a redução das taxas¿.

O Copom reforçou ontem, ao publicar a ata da sua última reunião, a indicação de que manterá a taxa básica de juros do país em 8,75% anuais por bastante tempo. Na avaliação do mercado, essa postura será mantida até o segundo semestre de 2010. Isto porque a autoridade monetária enxerga que a economia está em recuperação e, ao mesmo tempo, piorou ligeiramente sua percepção para a inflação no próximo ano.

O BC diz que vê a inflação ¿em torno da meta¿ em 2010.

Na ata passada, de julho, o indicador era descrito como ¿abaixo da meta¿.

¿ A ata de ontem é típica de fim de ciclo e deixou claro que o Copom vai parar de cortar juros ¿ avaliou o economista sênior do Itaú Unibanco Asset Management, José Luciano Costa, que prevê uma alta da Selic no fim de 2010, para 9,25% ao ano.

Na semana passada, o Copom optou por manter a Selic em 8,75%, interrompendo uma sequência de cinco quedas seguidas, que somaram cinco pontos percentuais.