Título: Não há razões para os brasileiros considerarem Battisti preso político
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Fonte: O Globo, 12/09/2009, O País, p. 4

Ministros da Itália manifestam confiança na extradição de ex-terrorista GUBBIO, Itália. O ministro da Justiça italiano, Angelino Alfano, disse ontem que não há motivos para o Brasil reconhecer o ex-militante Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos, como preso político.

¿ Não há razões para que os brasileiros considerem Battisti um preso político, e para que considerem o Estado italiano um Estado que não garante os direitos dos encarcerados ¿ disse Alfano.

O ministro questionou os motivos apresentados pelo Ministério da Justiça do Brasil para a concessão do status de refugiado político a Battisti: ¿ Battisti não é um preso político, é um assassino condenado por seus crimes. A Itália é um país livre e democrático que certamente fará com que Battisti possa cumprir a pena segundo os princípios de um país livre e democrático ¿ ratificou o ministro italiano.

Na última quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou a análise do pedido de extradição feito pela Itália.

Após mais de 11 horas de sessão, o presidente da Casa, Gilmar Mendes, decretou a suspensão do julgamento, atendendo a um pedido de vista do processo feito pelo ministro Marco Aurélio Mello.

No momento em que as discussões foram interrompidas, quatro ministros haviam votado a favor da extradição de Battisti e três ratificaram a decisão do governo brasileiro. Com o pedido de vista, o julgamento deverá ser retomado, provavelmente, em duas semanas.

Ontem, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, disse esperar que a suspensão da análise permita que os ministros do STF se aprofundem no assunto e concedam a extradição do italiano.

Em nota, o chanceler informou que ¿recebeu com satisfação¿ as primeiras notícias sobre o julgamento e reiterou que ¿confia plenamente na magistratura brasileira¿, posição já demonstrada pelo primeiro-ministro do país, Silvio Berlusconi.

O ministro italiano da Defesa, Ignazio La Russa, também demonstrou confiança de que o ex-terrorista será extraditado: ¿Estamos absolutamente convencidos de que um país importante, um país amigo como o Brasil, não pode sequer imaginar negar que a Itália seja um Estado democrático, que a nossa magistratura respeita as normas do estado de direito e, portanto, deixar de extraditar Battisti¿.