Título: Berzoini mina pretensões de Lindberg
Autor: Fabrini, Fábio; Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 12/09/2009, O País, p. 14

Presidente do PT diz que rompimento com Cabral em 2010 só com um "porquê"

BELO HORIZONTE e RIO. Se depender da direção nacional do PT, o projeto do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, de concorrer ao Palácio Guanabara não emplaca. Para o presidente da sigla, Ricardo Berzoini, o partido não tem uma justificativa para romper com o governo de Sérgio Cabral (PMDB) e lançar um nome na disputa. O caminho ideal seria apoiar o peemedebista, que concorrerá à reeleição.

¿ No Rio, quem governa é o PMDB, e o PT participa do governo desde o início. Então, para que rompa, tem de dizer o porquê. Não basta ter uma candidatura para isso ¿ afirmou Berzoini, na noite de quinta-feira, em evento do partido na capital mineira. ¿ Não vejo hoje motivo relevante para romper com Sérgio Cabral. O ideal é a composição entre PT e PMDB para evitar a volta daqueles que sustentaram o neoliberalismo no Brasil por tanto tempo.

Lindberg reagiu às declarações, atacando o PT paulista: ¿ O Berzoini é do PT de São Paulo. O PT de São Paulo acha que só São Paulo é importante.

O Rio de Janeiro não aceita mais ser tratado assim. Nós queremos fazer o PT do Rio crescer, independentemente das incompreensões dos paulistas.

A candidatura própria, na visão de Berzoini, faria mais sentido nos estados em que o PT e os aliados ainda não estão no poder, como em Minas. No campo petista, lançaram-se à sucessão do governador Aécio Neves (PSDB) o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. Pelo PMDB, está cotado o ministro das Comunicações, Hélio Costa, que já concorreu duas vezes, chegando a perder, numa das ocasiões, por 0,5% dos votos.

¿ Em Minas é diferente. Os dois partidos estão fora (do governo) e têm três nomes muito fortes ¿ comparou.

Apoiador de Patrus na disputa interna , Berzoini pregou o entendimento: ¿ Precisamos de um projeto político que resulte numa oposição real ao Aécio. Isso será construído num acordo entre o PT, que tem dois candidatos bons, o PMDB e outros partidos.

¿Se o Geddel pode, na Bahia, por que eu não?¿ As declarações de Berzoini foram dadas no lançamento da candidatura do secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime, à presidência do partido em Minas, com a presença de Patrus e do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci. Candidato à presidência nacional do PT, José Eduardo Dutra, também presente, foi outro que disse ser contra a candidatura própria no Rio: ¿ O PT está no governo Cabral desde o início, tem secretários, e seria artificial quebrar essa aliança.

Lindberg argumenta que, no governo da Bahia, o PT e o PMDB também são aliados. E isso não impede que o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), mantenha a pré-candidatura à sucessão do governador Jaques Wagner.

¿ Se o Geddel pode na Bahia, por que eu não posso no Rio? ¿ diz o prefeito, criticando também a gestão de Cabral: ¿ Cabral faz um governo elitista, distante das bandeiras históricas da esquerda no Rio.

Para o prefeito, as críticas do governador às regras do pré-sal começam a ¿pavimentar o caminho de afastamento dele da ministra Dilma Rousseff (da Casa Civil)¿.

Lindberg afirma ainda que o ¿PT está cedendo demais¿ e critica o PMDB: ¿ Querem que o próximo presidente seja refém deles