Título: PMDB cobra pressa na escolha do vice da ministra
Autor: Vasconcelos, Adriana; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 13/09/2009, O País, p. 8
Partido quer sinal de Lula para conter desânimo com candidatura de Dilma e ação de Quércia pró-Serra
BRASÍLIA. A falta de entusiasmo da base aliada com a candidatura da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, combinada à inexistência de um plano B e aos primeiros sinais de queda da petista nas pesquisas para 2010 têm acirrado as disputas entre as alas governista e serrista no PMDB. Já cresce o movimento para impedir uma coligação formal do partido com o PT. Uma aliança branca tiraria uma das principais vantagens do apoio do maior partido do país ao candidato governista: o seu precioso tempo na propaganda eleitoral no rádio e na TV.
O ex-governador Orestes Quércia, aliado do tucano José Serra (SP), tem viajado para articular com diretórios regionais a derrubada, na convenção do partido, ano que vem, da proposta de coligação formal entre PT e PMDB, liberando os peemedebistas nos estados para apoiar quem quiserem para o Planalto.
Há duas semanas, a cúpula, liderada pelo presidente da Câmara, Michel Temer (SP), cobrou do presidente Lula a necessidade de anunciar logo que a vaga de vice na chapa de Dilma será do PMDB. Com isso, avaliam, será mais fácil neutralizar a ação de Quércia.
Para líder, declaração de Lula pode facilitar acordo No encontro com Lula, no escritório da Presidência em São Paulo, o líder Henrique Eduardo Alves (RN) apresentou a Lula um mapa das resistências a Dilma.
Lula ficou de tentar encaminhar soluções nos estados, mas até agora nada foi resolvido. Na próxima semana, o grupo tem nova reunião, já que cresce também a pressão do PSB para que o vice de Dilma seja Ciro Gomes (CE).
¿ Era esperado que Quércia fizesse isso, porque quer levar o partido para Serra. Na hora que o PT e o presidente derem uma declaração dizendo claramente que o espaço do PMDB na chapa está definido, teremos mais facilidade. Queremos chegar à convenção com o apoio de 80% dos diretórios para a aliança com o PT. Mas há questões regionais graves que precisam ser resolvidas. Essa sinalização é essencial ¿ diz Henrique Alves.
Semana passada, com a pesquisa CNT/Sensus, que mostrou a candidatura de Dilma perdendo musculatura, Temer, Henrique, Eliseu Padilha (RS), Eduardo Cunha (RJ) e Tadeu Filipelli (DF) entraram pela madrugada, numa churrascaria em Brasília, discutindo a sucessão de 2010.
¿ Em primeiro lugar é preciso que o presidente Lula, Dilma e o PT oficializem que a vice na chapa é do PMDB ¿ disse o deputado Eunício Oliveira (CE).
Pelo mapa levado a Lula, Dilma tem maior resistência no PMDB do Sul e do Sudeste, além de estados do Norte (Pará) e do Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul). Santa Catarina e Rio Grande do Sul são considerados casos perdidos. Tentam salvar Minas, onde Hélio Costa está em conflito com o PT; Pará, onde Jader Barbalho está em guerra com a governadora Ana Júlia; e Ceará, onde Eunício disputa com o ministro José Pimentel (Previdência) a vaga para o Senado.
Sem falar na Bahia, onde o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) rompeu com o governador Jaques Wagner e não abre mão de ser o candidato a governador.
¿ Defendemos a preservação da aliança com o presidente Lula.
Isso só não acontecerá se o PT não quiser o nosso apoio ¿ diz Geddel, do PMDB.
Além do empenho de Lula, os líderes governistas do PMDB alertam que Dilma tem que entrar na articulação.
¿ Ela tem que começar a conhecer as realidades estaduais, os personagens que importam.
Tem que conversar também com outros partidos aliados ¿ afirma Henrique Alves