Título: CPI divulga gravações contra aliados de Yeda
Autor:
Fonte: O Globo, 15/09/2009, O País, p. 8

Para deputados da oposição, fitas comprovam envolvimento de agentes públicos com propinas e desvio de verbas

YEDA COMEÇA a acender o candeeiro, que, logo depois, a assustou

PORTO ALEGRE. A CPI da Corrupção da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul divulgou ontem 25 áudios de ligações telefônicas que supostamente comprovam o envolvimento de agentes públicos no desvio de recursos oficiais e no recebimento de propinas. Os deputados da base do governo Yeda Crusius (PSDB), que são maioria na CPI, não participaram da reunião, negando quórum para a votação de requerimentos de convocação de testemunhas para depor.

As gravações dos telefonemas foram liberadas pela 3ª Vara Federal de Santa Maria, onde tramitam o processo criminal da Operação Rodin, referente ao desvio de R$44 milhões do Detran-RS, e a ação de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público Federal contra a governadora e mais oito pessoas. Seguindo a linha do MPF, os deputados oposicionistas entenderam que os termos "documento", "parecer", "escritura" e "fotos", usados pelos interlocutores nos diálogos, eram códigos para não falar em propina.

Em um dos telefonemas, de 29 de outubro de 2007, o deputado federal José Otávio Germano (PP), réu na ação de improbidade administrativa, e o ex-diretor da Companhia Estadual de Energia Elétrica Antônio Dorneu Maciel, réu na ação penal, falam de uma suposta audiência do primeiro com a governadora. Todos os envolvidos nos diálogos negam ter participado do esquema de desvio de recursos e recebimento de propina.

A Justiça Federal já bloqueou os bens de José Otávio, do secretário-geral de Governo, Delson Martini, e do deputado estadual Luiz Fernando Záchia (PMDB), ex-chefe da Casa Civil, também interceptado nos telefonemas apresentados ontem. O presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas, e o deputado estadual Frederico Antunes (PP) também tiveram bens bloqueados. A juíza Simone Barbisan Fortes não bloqueou os bens de Yeda e negou liminarmente afastá-la do cargo, como queria o Ministério público.

Ontem, Yeda levou um susto ao acender um candeeiro na abertura da Semana Farroupilha 2009. O fogo do candeeiro, chamado de Chama Crioula, subiu alto, mas, segundo a assessoria de imprensa da tucana, ela não foi atingida. O tema do evento este ano é "Os Farroupilhas e suas Façanhas".