Título: Gabrielli: preço do barril que servirá de base à capitalização será 'justo'
Autor: Martins, Marília
Fonte: O Globo, 15/09/2009, Economia, p. 23

Processo será em três etapas. Petrobras faz nova descoberta no pré-sal

GABRIELLI REUNIU-SE com investidores em NY para falar de pré-sal

NOVA YORK, PARIS e RIO. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, encarou uma plateia cheia de dúvidas, ao enfrentar, em Nova York, sua primeira sabatina sobre a proposta do novo marco regulatório do pré-sal. Diante de cerca de 120 investidores estrangeiros e executivos de Wall Street, ele assegurou que as reservas são suficientes para cumprir as metas de produção da empresa e que o preço do barril do petróleo - com base no qual será feita a capitalização da empresa - será "o preço justo". O diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, que acompanhou Gabrielli no evento, revelou que o processo de capitalização deverá ser feito em três etapas. A expectativa é que esteja concluído em até 24 meses.

Foi uma bateria de perguntas. Frank McGann, da Merrill Lynch, queria saber com que velocidade seriam implantados os investimentos da empresa. Sérgio Torres, do JPMorgan, questionou o processo de avaliação de preços e o papel do governo nos novos contratos. E Arjun Murti, do Goldman Sachs, perguntou sobre prazos para que os contratos sejam firmados. Também houve preocupações quanto à possível influência das eleições de 2010 sobre a Petrobras.

- Para tranquilizar os investidores de que teremos o preço justo, basta usar a lógica do mercado: se os preços estiverem avaliados por baixo, quem mais perde é o governo porque ele é o acionista majoritário. Interessa a todos que o negócio renda os maiores dividendos para os acionistas, majoritários ou minoritários - disse Gabrielli.

Ele disse esperar que a Câmara vote a proposta do pré-sal até 10 de novembro e que o Senado o faça em mais 45 dias. A Petrobras espera que a lei seja aprovada até março de 2010 e que a capitalização da estatal seja concluída em prazos que variam de 12 meses - para os contratos - a 24 meses, para avaliação da produção.

Gabrielli esclareceu que três diferentes modelos de exploração conviverão no país: o atual regime de concessão; o sistema de partilha de produção; e a cessão onerosa, pela qual o governo transferirá à Petrobras os direitos para explorar determinado volume de petróleo, hoje estimado em 5 bilhões de barris. Segundo ele, neste último, a avaliação do preço do barril vai depender de fatores como a localização do poço, a sua curva de produção, a participação do governo nos lucros e o valor do barril no mercado futuro. Ele também disse que as reservas brasileiras chegarão a 35 bilhões de barris em três anos. Hoje são cerca de 14 bilhões de barris.

Cabral: sem "royalties", Previdência do Rio quebra

Em Paris, o governador do Rio, Sérgio Cabral, disse que, sem os recursos do petróleo, a Previdência do estado quebrará.

- Todos os recursos de royalties e participações especiais, vão para a Previdência pública, que estava quebrada e hoje está solvente. Se nós perdermos este recurso, a Previdência do estado quebra - disse Cabral.

Também ontem a Petrobras informou que encontrou mais petróleo na região do pré-sal da Bacia de Santos. Desta vez foi no poço Abaré Oeste no bloco BM-S-9, a cerca de 290 quilômetros da costa paulista. A empresa não divulgou estimativa de reserva. A Petrobras tem 45% da consórcio que fez a descoberta, ao lado de BG (30%) e Repsol (25%).

COLABOROU Deborah