Título: Governador interino do TO demite 92 servidores-fantasmas do gabinete
Autor: Guardiola, Graziela
Fonte: O Globo, 16/09/2009, O País, p. 4

Administração estadual tem mais comissionados que o governo federal

PALMAS (TO). Numa só canetada, o governador interino do Tocantins, Carlos Henrique Gaguim (PMDB), demitiu ontem 92 servidores lotados em seu próprio gabinete, mas que não foram localizados. A medida, segundo ele, é para estimular os secretários recém-empossados, dos quais cobrou providências para acabar com funcionáriosfantasmas.

O governo de Tocantins, estado mais jovem do país, com uma população de 1,2 milhão, tem 26 mil funções comissionadas, número superior aos 21 mil DAS (cargos comissionados) do governo federal.

¿ Todos os secretários devem entregar uma lista com os nomes de quem está trabalhando e quem não está. Na próxima semana sai nova listagem.

Quem não estiver trabalhando vai deixar o cargo ¿ disse.

Gaguim encaminhou ontem à Assembleia projeto que extingue 7.240 cargos comissionados não ocupados. Ainda assim, o governo continuará com quase 19 mil cargos de confiança.

Os 26 mil cargos comissionados foram criados pelo governador cassado Marcelo Miranda (PMDB), em agosto do ano passado, em projeto enviado à Assembleia.

Os mesmos deputados que criaram agora devem acabar com parte dos cargos.

¿ Nesta quarta-feira vamos encaminhar o projeto à Comissão de Constituição e Justiça para que possamos votar no mesmo dia ¿ declarou o presidente interino da Assembleia Legislativa, Júnior Coimbra, sobre a extinção dos 7,2 mil cargos.

A redução de cargos é apenas uma das medidas anunciadas para conter gastos. No fim de semana, Gaguim descobriu um rombo de R$ 880 milhões no caixa do governo: R$ 300 milhões de redução no repasse do Fundo de Participação dos Estados (FPE), já previstos no orçamento, e R$ 500 milhões em dívidas por serviços já executados, empenhados e não pagos.

Gaguim determinou aos secretários corte de 30% nos gastos com passagens, combustível, telefone e outras despesas.

A medida pode significar economia de R$ 17 milhões por mês.

Ao mesmo tempo em que tenta moralizar a administração, Gaguim pode enfrentar problemas. Ele esteve ontem à noite no Tribunal Superior Eleitoral para saber o que precisa fazer para sua eleição. Gaguim disse ter ouvido do presidente do TSE, ministro Ayres Britto, que a eleição, indireta, deve ser realizada em 15 dias. O Senado aprovou ontem a proposta de eleições diretas para substituir políticos que tiveram mandatos cassados. A eleição indireta de Gaguim já foi questionada pela Procuradoria Regional Eleitoral do Tocantins, que entrou com representação junto ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel