Título: Sarney: mídia não representa o povo
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Fonte: O Globo, 16/09/2009, O País, p. 9

Senador diz que parlamentares são criticados porque fazem tudo "às claras"

BRASÍLIA. Reabilitado por sua tropa de choque, depois de 11 denúncias, no Conselho de Ética, sobre suspeita de corrupção, nepotismo, tráfico de influência e má gestão na presidência do Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), voltou a criticar ontem a imprensa, dizendo que os parlamentares, e não a mídia, são os verdadeiros representantes do povo. Ele foi o destaque entre os senadores que discursaram na sessão solene em homenagem ao Dia Internacional da Democracia.

Justamente no dia em que o Tribunal de Justiça do DF afastou do caso o desembargador que censurou ¿O Estado de S.

Paulo¿, na ação impetrada pelo seu filho Fernando Sarney, no caso da Operação Faktor (antiga Boi Barrica), Sarney disse que a mídia se transformou em inimiga das instituições representativas da sociedade.

¿ A tecnologia levou os instrumentos de comunicação a tal nível que, hoje, a grande discussão que se trava é esta: quem representa o povo? Diz a mídia: somos nós; e dizemos nós, representantes do povo: somos nós. É por essa contradição que existe hoje que, de certo modo, a mídia passou a ser uma inimiga das instituições representativas ¿ discursou Sarney.

Para Sarney, nos próximos anos, é preciso atualizar o Parlamento, o sistema partidário e o sistema de governo. Sem citar os mais de 500 atos secretos para contratar aliados, aumentar gratificações e outros benefícios, Sarney disse que ele e seus colegas de Parlamento são alvo de críticas justamente porque agem às claras: ¿ No nosso modelo de Estado, a grande diferença entre os três poderes é que, enquanto os poderes Executivo e Judiciário tomam decisões solitárias, o Legislativo o faz às claras.

Sobre o desgaste do Senado, Sarney afirmou que, mesmo o pior Parlamento, é melhor que Parlamento nenhum