Título: Dólar cai para R$ 1,807, menor taxa em 12 meses
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 16/09/2009, Economia, p. 25

Um ano após agravamento da crise, otimismo com recuperação global faz moeda americana recuar mais 0,39%

RIO e NOVA YORK. Passado exatamente um ano da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, que trouxe à tona a maior crise financeira global desde 1929, o sentimento que impera agora é de que o pior já passou. A retomada da confiança no crescimento mundial fez o dólar ontem cair no mundo inteiro.

No Brasil, a queda foi de 0,39%, para R$ 1,807, a menor cotação desde 22 de setembro de 2008. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), subiu 0,67%, fechando aos 59.263 pontos ¿ maior patamar em 14 meses.

Para analistas de câmbio, o dólar poderá recuar ainda mais.

A expectativa é que, com a calmaria do mercado, investidores voltem a procurar alternativas mais atraentes tanto em bolsas de valores quanto em juros de países emergentes, levando a uma maior entrada de recursos no Brasil.

Segundo dados da BM&F Bovespa, o fluxo de investimentos estrangeiros para o mercado de ações brasileiro era positivo em R$ 511,5 milhões no mês, até 11 de setembro. No ano, o saldo é de R$ 14,481 bilhões, contra um fluxo negativo de R$ 24,6 bilhões no ano anterior.

Ontem, um dos fatores que colaboraram para o recuo do dólar foram as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, de que, ¿provavelmente, a recessão está encerrada¿.

Na avaliação do gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho, o Brasil deve assistir a maiores entradas de dólares nos próximos dias. Com isso, a moeda poderá cair abaixo de R$ 1,80.

¿ A melhoria da economia nos Estados Unidos impulsiona as commodities. Como somos exportadores desses recursos, vamos assistir à entrada de mais dinheiro ¿ avalia.

Além disso, a retomada de ofertas de ações no país deve atrair os estrangeiros para a Bolsa de Valores. A maior delas será a do Santander, estimada em cerca de R$ 7 bilhões.

Ontem, mais duas empresas detalharam suas ofertas. A Multiplan, que atua na área de shopping centers, vai emitir até 35.100 ações, incluindo lotes suplementares e adicionais, numa distribuição pública primária (com capitalização da empresa).

A captação pode chegar a R$ 860,6 milhões.

Já a Brookfield Incorporações apresentou um pedido de análise prévia para emitir até R$ 700 milhões em ações.

Na Bovespa, os papéis de maior destaque ontem foram as construtoras. As ações da Rossi subiram 3,9%, e as da Cyrela ganharam 2,3%. Também foram destaque os papéis da Petrobras.

As ações ordinárias (ON, com direito a voto) subiram 1,05%. Já as ações preferenciais da Vale ganharam 1,01%.

O acionista controlador da OGX, Eike Batista, comprou uma fatia adicional de 1,5% do capital social da empresa, em forma de recibos globais de ações. Com isso, aumentou sua participação para 62% Nos EUA, vendas do varejo levam otimismo a bolsas Nos Estados Unidos, o dia também foi de ganhos. As vendas do varejo subiram 2,7% em agosto, no ritmo mais rápido em três anos e meio, graças aos incentivos do governo para a troca de carros. Em julho, houve recuo de 0,2%. Analistas esperavam que as vendas no mês passado avançassem 2%.

Os indicadores das vendas mais as declarações do presidente do Fed fizeram com que o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subisse 0,59%. A Nasdaq e o índice S&P avançaram, respectivamente, 0,52% e 0,31%.

Houve também reflexos nos preços do petróleo. Em Nova York, o barril do tipo leve americano teve alta de 3%, para US$ 70,93.

Em Londres, o barril do Brent para entrega em novembro subiu 2,2%, para US$ 69,86

(*) Com agências internacionais