Título: Lerdeza
Autor: Braga, Isabel; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 17/09/2009, O País, p. 9

SE HOUVE clarividência no Senado ao derrubar as incabíveis barreiras à cobertura das eleições pela internet - porém mantidas para rádios e TVs -, a obscuridade envolve a decisão do Tribunal de Justiça do DF de descredenciar o magistrado que decidiu censurar o jornal "O Estado de S. Paulo", mantendo, porém, a censura.

POR SUPOSTO, se a Corte concordou com o óbvio - ou seja, o desembargador Dácio Vieira, por ser amigo do clã Sarney, não poderia decidir a favor de um pedido de liminar impetrado por alguém da família -, a própria decisão do juiz, para não ficar solta no ar, teria de cair de forma automática - em nome da lógica, quanto mais não fosse.

NÃO FOI o que aconteceu. Para não se arriscar em especulações sobre supostas razões ocultas que levam o tribunal a alongar uma censura que jamais poderia ter sido decretada, credite-se o fato à conhecida lentidão de a sociedade adequar-se a preceitos constitucionais. Inclusive a Justiça.