Título: Taxa de administração ainda será decisiva para escolha sobre poupança
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 17/09/2009, Economia, p. 24

Bancos não programam novas reduções nos custos de fundos ou de aplicações mínimas

Mesmo com o alívio proposto pelo governo aos fundos de investimento, ao tributar em 22,5% o rendimento do que exceder R$50 mil na poupança a partir de 2010, o investidor deverá continuar atento às taxas de administração cobradas pelos bancos nas carteiras DI e de renda fixa. Isso porque, em muitos casos, a poupança continuará sendo mais atraente que os fundos, que compram os títulos da dívida pública.

De acordo com uma simulação feita pelo GLOBO com base em números do matemático José Dutra Sobrinho, mesmo com o Imposto de Renda (IR) de 22,5%, a poupança terá rentabilidade superior à de fundos com taxas de administração de 2% para cima, que ainda são boa parte no mercado. Numa aplicação de R$60 mil (apenas R$10 mil são tributáveis) por seis meses, período em que o IR de fundos também é de 22,5%, enquanto a poupança renderia R$1.805,49 líquidos, um fundo DI com taxa de administração de 1% terá rendido R$1.744,78, ou R$60,71 a menos, também já descontados os impostos e os custos.

A comparação considera uma rentabilidade de 0,5141% ao mês para a poupança e a atual taxa básica de juros, Selic, de 8,75% ao ano. É ela que remunera os títulos públicos dos fundos de renda fixa e DI. Mesmo em um período maior, em que o IR dos fundos é menor - cai para 15% depois de dois anos da aplicação -, a caderneta demonstra vantagem. Para os mesmos R$60 mil aplicados por dois anos e meio, os fundos de investimento ainda precisarão cobrar taxas inferiores a 2% ao ano.

Com a queda da Selic, que estava em 13,75% ao ano até janeiro, a opção dos fundos nos últimos meses foi reduzir as taxas cobradas ou as aplicações mínimas exigidas em fundos que cobravam taxas mais baixas. Procurados ontem, Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, HSBC e Santander Real informaram não ter novos planos de redução das taxas agora.

Poupança no ano tem menor rentabilidade da História

De acordo com estudo divulgado ontem pela consultoria Economática, a remuneração nominal acumulada pela poupança de janeiro a agosto deste ano é a menor da História: 4,81%. Foi o quarto ano consecutivo de queda. A consultoria também calculou o ganho real do poupador, descontando a inflação medida pelo IPCA. Neste caso, a remuneração real de janeiro a agosto, de 1,79%, foi a quarta maior dos últimos dez anos. No período analisado, só ficou abaixo dos resultados dos oito primeiros meses de 2005 (2,42%), 2006 (3,76%) e 2007 (2,48%). No entanto, mesmo deflacionado, o resultado de 2009 perde para o mesmo período em todos anos anteriores a 2000.