Título: Petistas lideraram ataque a Gilmar Mendes
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 18/09/2009, O País, p. 8

Agora, Mercadante faz mea culpa e reconhece equívoco

RIO e BRASÍLIA. Em abril de 2002, a indicação do então advogado-geral da União, Gilmar Mendes, a uma das 11 vagas do STF, pelo presidente Fernando Henrique, provocou dos petistas o mesmo tipo de reação que agora ocorre contra José Antonio Toffoli. Políticos da oposição - liderada pelo PT - e entidades como a OAB protestaram. Em sessões tumultuadas no Congresso, Gilmar foi acusado de ter sido escolhido para representar interesses do governo no STF.

Diferentemente dos dois nomes anteriormente indicados à Corte por Fernando Henrique - Nelson Jobim e Ellen Gracie - o de Gilmar não foi aprovado por unanimidade pela CCJ do Senado. A votação foi 16 a 6. Antes, convocado para a sabatina, Gilmar passou pelo constrangimento de ver a votação adiada por um pedido de vista, diante da apresentação de uma lista de processos em que aparecia como réu. O então senador José Eduardo Dutra (PT-SE) criticou a aprovação:

- Na minha opinião, o doutor Gilmar Mendes, para usar jargão jurídico, está sendo indicado como uma espécie de longa manus do presidente Fernando Henrique no Supremo.

O plenário da Casa aprovou Gilmar por 57 a 15. Assim que o nome foi confirmado, a Associação dos Magistrados Brasileiros - que até agora não se pronunciou sobre Toffoli - condenou, em nota, a escolha e acusou Gilmar de "notório envolvimento" com o governo FH.

Agora, a polêmica em torno da indicação de Gilmar será usada pelo líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), para tentar derrubar os argumentos da oposição contra Toffoli. O petista diz que Toffoli e Gilmar têm perfis muito parecidos e reconhece que foi um equívoco a forte oposição do PT a Gilmar, já que depois ele comprovou que sua experiência à frente da AGU foi de grande contribuição ao seu trabalho no STF.